O ato religioso realizado no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), na manhã deste sábado (7), reuniu milhares de pessoas em apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula subiu ao caminhão de som, onde além de sacerdotes, estiveram também deputados, senadores e lideranças de movimentos, artistas e partidos políticos de esquerda.
Dom Angélico Bernardino, sacerdote amigo de Lula há mais há décadas, conduziu a celebração religiosa em homenagem ao aniversário da ex-primeira-dama Marisa Letícia, que faria 68 anos neste sábado. “Lula, todos nós aqui presentes desejamos de coração que você realmente esteja em liberdade. Todos nós aqui presentes, temos a convicção de que o que aconteceu no Brasil foi um golpe”, disse Dom Angélico. “Continue a entregar a sua vida à causa da paz, que é fruto de solidariedade, de amor, de verdade, misericórdia e justiça. Que Jesus te proteja e seja a sua força, meu irmão e companheiro”, completou.
A ex-presidenta Dilma Rousseff fez a leitura da oração de São Francisco de Assis, “O presidente Lula se inspirou em valores. Essa oração é uma oração de paz. E que hoje, mais que nunca, mostra que somos da paz. Não somos da injustiça e da violência”, disse Dilma, ao justificar a escolha do texto.
A pastora luterana Lusmarina Campos Garcia também falou sobre a injustiça na condenação do ex-presidente sem provas e antes do julgamento de todos os recursos. A religiosa destacou a importância da população manter de pé a resistência. "E se essas pernas não puderem percorrer o país, as nossas vão percorrer por elas. Se essa voz for impedida, a nossa vai gritar, continuar clamando por justiça e liberdade. Nós estamos juntos. Lula vive!", disse a pastora, que também participou do ato ecumênico.
Antes de passar a palavra a Lula, Dom Angélico citou a bíblia para abençoar o ex-presidente. “Bem aventurados os perseguidos da Justiça”, disse.
Depois de saudar cada um dos presentes, com especial destaque para os pré-candidatos à Presidência da República Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL), Lula falou sobre a história de luta do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em defesa da democracia. “Eu confesso que vivi os meus melhores momentos políticos nesse sindicato”.
O ex-presidente Lula criticou o mandado de prisão emitido pelo juiz de primeira instância Sérgio Moro. “Quando eu fui prestar depoimento lá em Curitiba eu disse ao Moro: Você não tem condições de me absolver porque a Globo exige que você me condene”, disse o ex-presidente, demonstrando total falta de surpresa com a decisão de Moro.
“Eu talvez viva o momento de maior indignação que eu já vivi. Não é fácil o que sofre minha família, meus filhos. Não é fácil o que sofreu a Marisa. E eu quero dizer: a antecipação da morte da Marisa foi por conta da sacanagem que a imprensa fez contra ela”, afirmou Lula, voltando a crítica mais uma vez à imprensa golpista.
No discurso, Lula deixou claro que sua apresentação às autoridades da Lava Jato não abala sua convicção de seguir em luta. “O que eles não se dão conta é que quanto mais eles me atacam, mais cresce a minha relação com o povo brasileiro. Eu cometi o crime de colocar pobre na universidade, negro na universidade, de permitir que o pobre viaje de avião, faça sua pequena agricultura, tenha sua casa própria. Se esse é o crime que eu cometi eu digo: eu vou continuar sendo criminoso nesse país, porque vou fazer muito mais”, prenunciou.
O ato terminou com o ex-presidente sendo carregado pelos militantes até o interior do Sindicato dos Metalúrgicos.
Vigília Permanente
O dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stedile, anunciou que será montado uma vigília permanente nos arredores da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde está previsto que o ex-presidente cumpra com a prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro.
O ato dele se apresentar em Curitiba não é um ato de rendição. Mas ao contrário, é um ato de altivez, é um ato de dignidade. Vocês que estão em casa acompanhando, faça alguma coisa, porque será uma semana inteira de mobilização, Quem estiver no Paraná, ao redor da Polícia Federal, nós montaremos um acampamento do MST e vamos ficar em vigilância, dia e noite, até que ele recupere a sua liberdade. Mas até lá, cada um de nós temos que ser a voz do Lula”, disse Stedile.
Minutos depois da convocação, centenas de pessoas começaram a chegar ao local, localizado na Rua Professora Sandália Monzon, 210, no Bairro Santa Cândida, na capital paranaense.
Edição: Juca Guimarães