Trabalhadores de diferentes segmentos se uniram, nesta segunda-feira (16), para protestar contra a proposta de privatização da Eletrobras em frente à sede do Ministério das Minas e Energia, em Brasília. O ato marca o dia nacional de luta contra a venda da estatal, tema que está em discussão na Câmara Federal por meio do projeto de lei (PL) 9.463/18.
A presidenta do Sindicato dos Urbanitários no Distrito Federal (Stiu-DF), Fabíola Antezana, destaca a preocupação da categoria em ampliar o debate sobre os riscos da privatização, esclarecendo os diversos segmentos sociais sobre os riscos da medida.
“Essa pauta não é corporativa, como o governo tem tentado tachar, e sim de toda a sociedade. O impacto da privatização vai ser um impacto no nosso bolso”, enfatiza.
Segundo cálculos da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a previsão é de que uma eventual desestatização provoque um aumento imediato de 17% na conta de energia em todo o país.
A dirigente aponta ainda que a venda da empresa tende a piorar a qualidade dos serviços de energia e comprometer a soberania nacional – entre outras coisas, por conta do abastecimento de energia nos 44 pontos de instalações militares da fronteira amazônica, que passariam a ser administrados por empresas estrangeiras.
“O governo fala em números sem colocar quais são as outras nuances que estão envolvidas nesse processo”, critica.
Lula Livre-DF
O ato em Brasília também é uma das atividades do Acampamento Lula Livre, instalado na capital federal há sete dias. O espaço foi articulado por segmentos populares para fortalecer a luta e as ações contra a prisão do ex-presidente e ainda outras bandeiras políticas relacionadas ao contexto de avanço conservador.
A militante Beth Cerqueira, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), ressalta que a privatização da Eletrobras deve prejudicar os diferentes segmentos da população.
“Quando a gente fala em privatizar o sistema de energia, significa dizer que não teremos politicas públicas favoráveis que privilegiem o acesso à energia e à água no campo e na cidade”, complementa.
A camponesa Jakelly de Jesus Silva veio do interior de Goiás para participar do Acampamento. Presente no ato desta segunda-feira, ela salienta a importância da união de todos os trabalhadores em prol da defesa dos serviços públicos. Além disso, ressalta que a luta no campo envolve diferentes causas.
“Eu vim pra gente unificar as forças. A gente pode ganhar uma terra, mas sem água, sem energia, sem educação, como a gente vai sobreviver nessa terra?”, questiona.
O Dia Nacional de Luta contra a Privatização da Eletrobras mobiliza trabalhadores em diversos estados, entre eles Rio de Janeiro, Amazonas, Santa Catarina, Pernambuco e Bahia.
Edição: Juca Guimarães