Conheça duas produtoras de assentamentos de Goiás e Mato Grosso do Sul que vão expor na Feira em São Paulo
Eva Antunes é uma das expositoras confirmadas para 3ª Feira Nacional da Reforma Agrária. Ela faz parte do grupo Raiz do Cerrado, um coletivo de produção orgânica composto somente por mulheres do Assentamento Andalúcia, na regional Pantaneiras, Mato Grosso do Sul. A agricultora conta como surgiu o coletivo:
"A ideia que nós tivemos de formar o grupo de mulheres, as Trabalhadoras Rurais Raiz do Cerrado, teve dois objetivos. Um porque a gente percebeu que nos quintais se perde muita fruta, muita coisa. E as companheiras, as vezes não tão se dando conta de que elas podem aproveitar, podem vender. E outra ideia é nós trabalharmos sem veneno".
O nome do coletivo vem da esperança dos assentados em salvar o cerrado da região, que está em risco pelo avanço dos madeireiros. Além do aproveitamento das plantações dos quintais, o Raiz do Cerrado surgiu também como forma de empoderamento, já que as mulheres do grupo passaram a controlar a própria produção e renda. Neste sentido, Eva destaca a importância da Feira para as companheiras:
“A Feira tem ajudado muito porque a gente leva as coisas, os produtos delas, trazendo elas para uma autoestima e parar de elas serem só aquela pessoa submissa e só pedir”.
O coletivo pretende levar batatas, mandiocas, bananas e laranjas e também artesanato feito de fibra da bananeira e com palha de milho.
O coletivo Raiz do Cerrado vai em 5 mulheres para a Feira da Reforma Agrária e estará com os produtos na barraca do Mato Grosso do Sul. Sobre a Feira, Eva afirma: "É muito bom pra nós, a gente conhece mais coisa, passa nosso conhecimento para outras pessoas, porque daí vem as perguntas, como que faz isso, aquilo e a gente está ali explicando".
De Goiás, Benaia de Carvalho vai trazer pela segunda vez para a Feira Nacional sua produção artesanal de licores, doces, picles e geléias.
Os produtos tem origem no assentamento Dom Hélder Câmara, na regional do Vale Araguaia. Benaia é filha de assentados, estudou fora e voltou para usar na terra da família os conhecimentos adquiridos.
"Eu fabricava 76 sabores de licores, só que com a demanda eu não consigo mais,então eu estou levando o meu carro chefe que é o licor de pimenta. É o único no estado de Goiás que tem o cheiro e o gosto da pimenta ao mesmo tempo".
A agricultora informa que o licor é uma bebida digestiva e o ideal é consumi-lo após as refeições e no máximo três vezes ao dia. Ela faz licores de pequi, cravo e canela, genipapo, jabuticaba, laranja, banana, folhas de figo, gengibre e de hibisco. A produção de Benaia é agroecológica e sem conservantes, tendo como marca o nome Nana Natus e conta também com geleias de sabores como hibisco com pimenta, maracujá e cagaita, fruta do cerrado, com pimenta. Ela garante a durabilidade dos licores, que começam a ser feitos com bastante antecedência.
"Porque os meus licores quanto mais velhos, melhores eles ficam, então eu posso produzir com um ano de antecedência e as conservas, as geleias, os doces, como tudo é caseiro, artesanal, sem conversante, eu começo a produzir três meses antes da feira. A produtora de licores e doces vai com um grupo de 48 assentados que vai comercializar mais de 25 produtos diferentes de toda a região. Hoje, Benaia envia encomendas para várias regiões do país graças à divulgação feita na Feira Nacional do Movimento.
Edição: Guilherme Henrique