"Se tem alguém que acha que nos agredindo, agindo com violência, nos ameaçando e prendendo nossas lideranças... se alguém acha que isso vai nos impedir de fazer política, quem pensa assim está enganado", disse o deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) nesta sexta-feira (20) em referência à provável prisão de seu pai, o ex-ministro José Dirceu.
Nesta quinta-feira (19), o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) rejeitou embargos na segunda instância no processo que condenou Dirceu a 30 anos e nove meses de prisão no âmbito da Operação Lava Jato.
Dirceu já havia sido preso em 2015 e foi solto em maio do mesmo ano por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Seu filho, Zeca, esteve no Acampamento Lula Livre em Curitiba e contou que esteve com seu pai essa semana em Brasília. Segundo o deputado, Dirceu está resignado e tranquilo, como demonstrou na entrevista publicada na Folha de S. Paulo desta sexta-feira (20). Na reportagem, o ex-ministro afirma que não existem provas no processo e se mostra resignado: "Não posso brigar com a cadeia, nem me render", disse ao jornal.
"Ele está com a cabeça no lugar e decidido, como eu disse há pouco, muito determinado a continuar lutando, fazendo política, dialogando com as lideranças e com as pessoas", disse.
Zeca afirmou que a prisão de Dirceu é política e um marco histórico para o país. Na sua visão, ela inaugura uma série de prisões políticas e arbitrárias.
"Os estudiosos e historiadores que se debruçaram sobre o que foi a condenação do Mensalão percebem que ali o país começou a ter condenações sem nenhum tipo de prova e com o próprios ministros do STF dizendo que não haviam provas, mas a literatura permitia a condenação".
Segundo o filho de Dirceu, o sentimento da família é de "indignação e tristeza". "Não pelo prejuízo pessoal que cada um tem, mas pelo prejuízo que essas questões tão trazendo a todo o nosso país. O Brasil nunca teve um período de tantos retrocessos, retiradas de direitos na história recente do país."
Ele informou que os advogados de defesa ainda trabalham com recursos na Justiça. "Evidente que não dá mais para a gente ter uma confiança ampla e irrestrita no Poder Judiciário e como um todo. Ele terá mais alguns dias agora para fazer esse enfrentamento, mas eu acho que ele foi muito claro que está preparado para qualquer momento de dificuldade", disse.
Visitas a Lula
Zeca afirmou que os deputados e senadores vão insistir nas visitas a Lula na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba. "Vai ficando evidente para o mundo que Lula vive hoje uma prisão política e que tentam isolar ele do mundo político. Querem impedir que ele faça política, que ele converse com as lideranças do mundo e do país", criticou, se referindo à proibição das visitas do teólogo Leonardo Boff e do vencedor do prêmio Nobel, Adolfo Perez Esquivel, ao ex-presidente.
O deputado informou também que fez um pedido formal à Justiça para visitar Lula, que foi encaminhado ao Ministério Público. "Estou na expectativa de visitar Lula o quanto antes não só como deputado, mas como quem conhece ele desde criança, tem uma relação também de amizade", disse.
Edição: Diego Sartorato