Um dos grandes obstáculos para melhoria da qualidade de vida no Brasil é a distribuição de terras para cultivo de alimentos saudáveis. O problema começa com a apropriação de áreas por grandes fazendeiros e latifundiários. Umas das práticas ilegais mais comuns é a grilagem.
A origem da expressão é um exemplo clássico de como a elite brasileira age para impor sua vontade, defender seus iguais acima de tudo e da lei. O termo grilagem vem da palavra grilo, e, segundo a explicação corrente, era o método utilizado para fraudar a documentação de posse das terras.
Por meio de violência, golpes, ameaças e até assassinatos, os exploradores expulsavam os agricultores da terra e depois faziam uma documentação falsa de compra da área com data muito anterior a real.
Para fazer o documento fraudado passar por verdadeiro, os fazendeiros colocavam o papel dentro de uma caixa com grilos. As fezes dos pequenos insetos provocavam uma reação química que fazia o papel parecer velho e legítimo, assim os golpistas podiam registrar em seus nomes hectares e hectares de terra. Por meio da grilagem, formaram-se vastas propriedades de terras improdutivas.
A alteração de provas, de dados e a manipulação da opinião pública são as práticas atualizadas da grilagem processual de Curitiba contra Lula. A reforma do triplex que tinha sido detalhada no processo julgado por Sérgio Moro nunca existiu. E o pior, os recibos da suposta reforma que incrimina o ex-presidente na acusação de recebimento de propina foram emitidos por uma empresa de Curitiba.
Não seria de admirar que estes recibos fraudulentos também não foram guardados em uma caixa com grilos.
* Juca Guimarães é editor do site Brasil de Fato
Edição: Luiz Felipe Albuquerque