O vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) teve o pedido de visita ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negado nesta quinta-feira (26), em Curitiba (PR).
O parlamentar esteve na sede da Justiça Federal no Paraná e conseguiu uma audiência com a juíza Carolina Lebbos, da 12ª Vara Federal da capital, mas foi informado de que a proibição das visitas, determinada pela magistrada, só poderia ser revertida por meio de um recurso judicial.
Suplicy destacou que o impedimento fere a Declaração Universal dos Direitos Humanos, assinada pelo Brasil. Ele ressaltou ainda que o país é signatário das chamadas “Regras de Mandela”, documento que disciplina normas mínimas das Nações Unidas para o tratamento de presos.
“Eu teria amado ver, conversar um pouco com o presidente Lula sobre tudo que está ocorrendo. Não creio haver dúvidas de que o Brasil, pelos órgãos da Justiça e da Polícia Federal, precisa respeitar as normas assinadas por nossas autoridades representadas na ONU”, disse.
A Regra nº 58 do documento determina que “os prisioneiros devem ter permissão, sob a supervisão necessária, de se comunicarem periodicamente com familiares e amigos”. A norma especifica que esse direito engloba correspondências, telecomunicações, meios digitais, eletrônicos e ainda visitas.
Lula está preso há 19 dias e tem sido proibido de receber os amigos, entre eles a ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), o teólogo Leonardo Boff e o Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel.
Na manhã desta quinta-feira, Suplicy esteve na sede da Superintendência da Polícia Federal para tentar visitar o ex-presidente e entregar cerca de 3 mil cartas endereçadas a Lula, mas também foi impedido pela administração. O vereador entregou então as cartas à família do ex-presidente.
Segundo ele, os textos foram escritos nos últimos dias por pessoas de diversas regiões e trazem mensagens de apoio.
“São todas muito comoventes, bonitas e transmitindo ao presidente Lula uma força extraordinária. Na hora em que ele conhecer essas cartas, vai lhe fazer muito bem, porque os brasileiros de todas as partes do Brasil estão torcendo muito pra que ele esteja livre”, afirmou.
No início do mês, Suplicy chegou a se oferecer para ir junto com Lula para a prisão, em protesto contra a conduta do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato em Curitiba. Além de correligionário, o petista é amigo do ex-presidente.
Ele escreveu uma das cartas levadas hoje à Polícia Federal.
“Na carta, eu digo a ele que tenho muita vontade de conversar com ele sobre o como é que nós vamos fazer o Brasil se tornar uma nação justa, fraterna, solidária e com todos os instrumentos de política econômica e social e elevar o grau de justiça, dignidade e liberdade real para todos”, disse.
Suplicy informou ainda à imprensa que, como parte interessada no processo e por ter tido a visita diretamente negada, irá recorrer da decisão da juíza Carolina Lebbos.
Edição: Diego Sartorato