Todo cuidado contra as mentiras e manipulações
Em 2014 a Câmara dos Vereadores de Porto Alegre aprovou por maioria de votos o nome de Cadeia da Legalidade e Democracia a uma avenida da cidade. Foi uma homenagem, por sinal merecida, a Leonel Brizola, que em 1961 conseguiu impedir a antecipação do golpe contra a democracia, que acabou perpetrado dois anos depois e fez o Brasil atravessar por 21 anos uma longa noite escura provocada pela ditadura empresarial militar iniciada em abril de 1964.
Pois bem, agora, em 2018, a Justiça decidiu que a mudança aprovada da denominação da avenida foi ilegal e, por isso, ela voltará a ter o nome do primeiro general de plantão que ocupou a presidência depois da derrubada do presidente constitucional João Goulart. Realmente é uma afronta do judiciário ao povo do Rio Grande do Sul considerar a decisão dos vereadores gaúchos ilegal. E se calar diante do fato do nome do general golpista Castelo Branco não ter sido considerado oficialmente pela prefeitura da capital gaúcha.
Na verdade, o fato dá bem a ideia de como age a Justiça brasileira, que na prática deixa de ser justiça para se tornar um prolongamento do esquema golpista que se abateu sobre o país, e que em 2016 ressurgiu com uma outra forma. É inconcebível aceitar de bom grado uma decisão dessa natureza. Não se trata de uma questão que afeta a cidade de Porto Alegre, mas a todo o país. É necessário lembrar fatos históricos, como o da Cadeia da Legalidade, ocorrida em 1961. Se nada for feito em protesto contra a decisão de agora, na prática se aceitará uma afronta ao povo e a história brasileira.
É preciso também analisar com profundidade o motivo pelo qual a Justiça age em 2018 dessa forma, deixando de reconhecer um fato importante da história brasileira que as novas gerações devem conhecer. Mostrar, portanto, que houve lideranças como Brizola e a mobilização do povo que evitaram a antecipação da quebra constitucional no Brasil. Ignorar esse fato e homenagear Castelo Branco é algo indecoroso e não pode se aceitar em silêncio.
Da mesma forma que na atualidade não se pode aceitar que uma revista semanal, como a Veja, coloque matéria falsa, inclusive com chamada de capa, matéria que “informava” (entre aspas, claro) sobre o dia a dia do preso político Luiz Inácio Lula da Silva, considerada mentirosa pela própria Polícia Federal.
É também uma prova concreta do tipo de jornalismo que a Veja faz e nada acontece. Matérias mentirosas que objetivam enganar os incautos que consideram a publicação confiável. É necessário assinalar também que não é de hoje que a Veja, considerada por muitos analistas como a “sujíssima Veja”, pratica esse tipo de jornalismo. E que acontece também em outras mídias comerciais.
É bem provável que a mesma Justiça que se volta contra um fato histórico que representou a Cadeia da Legalidade em 1961 dê ganho de causa à referida revista no caso de ser acionada judicialmente contra alguma de suas matérias mentirosas. E mais grave ainda é que quando uma publicação do gênero da Veja é questionada na Justiça, os defensores da liberdade da empresa, e não o da liberdade de imprensa, acusam os questionadores de se voltarem contra a liberdade de imprensa.
Portanto, todo cuidado contra as mentiras e manipulações da informação, que de tanto repetidas, objetivam virar verdade, conforme pregava o chefe da propaganda nazista, Joseph Goebbels.
Edição: Brasil de Fato RJ