Uma pesquisa encomendada pelo jornal argentino Clarín e divulgada neste domingo (06/05) apontou que 54,9% dos argentinos reprovam o governo do presidente Mauricio Macri, enquanto 35,1% dos entrevistados aprovam a sua gestão. O grupo dos que não souberam ou não responderam representa 10%.
Os dados foram colhidos pela empresa de consultoria Management & Fit, que ouviu 3.600 pessoas em todo o país entre os dias 27 de abril e 3 de maio deste ano. O levantamento ocorreu durante o período de intensa desvalorização do peso argentino frente ao dólar.
Entre os entrevistados, 63,6% consideram que a situação econômica do país piorou em comparação a 2017. Apenas 18,1% afirmaram que houve uma melhora com relação ao ano passado, enquanto 17,1% acreditam que a economia argentina permanece igual. Em agosto de 2016, a reprovação de Macri era de 44,2%. O novo levantamento representa um aumento de 10,7 pontos percentuais entre os que rejeitam o governo do atual presidente.
A inflação está no topo das preocupações: para 20,2% dos entrevistados, é a principal reclamação. Em seguida, está a corrupção (14,2%), o desemprego (9,5%), a pobreza (8,2%), e as falhas no sistema educacional (4,7%). Entre as pessoas que foram ouvidas, 52,7% consideram que a pobreza aumentou durante a gestão do Cambiemos.
Aumento do dólar
Durante os últimos meses, a Argentina viu o preço do dólar subir rapidamente. De janeiro a março deste ano, a moeda teve uma valorização de 10,29% frente ao peso. No período de um ano, a disparada no valor da moeda ficou ainda mais evidente: entre maio de 2017 e maio de 2018, o dólar teve uma valorização de 32,78%.
O aumento levou o governo argentino a elevar a taxa de juros três vezes em uma semana para tentar conter a valorização. Foram 12,75 pontos percentuais de alta, elevando a taxa de 27,25% a 40% ao ano. Para efeito de comparação, a Selic, que é a taxa básica de juros no Brasil, está em 6,5% ao ano.
Além disso, o ministro da Economia da Argentina, Nicolás Dujovne, anunciou um corte de gastos de 3,2 bilhões de dólares (11,3 bilhões de reais), que irá afetar principalmente as obras públicas do país. A meta de déficit fiscal para este ano foi reduzida de 3,2% para 2,7% do PIB.
A cotação do dólar fechou na sexta-feira a 21,83 pesos, maior valor da moeda desde 2002, ano em que uma crise política e econômica derrubou o então governo de Fernando de la Rúa. Analistas temem maior pressão sobre a inflação, que fechou em 25% no último ano.
Edição: Opera Mundi