Participação

MST convida o povo brasileiro a debater saídas para as crises do país

Em carta aberta à população, movimento também defende candidatura de Lula e cobra Justiça para Marielle Franco

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Movimentos organizam programa de reformas populares para o país no Congresso do Povo
Movimentos organizam programa de reformas populares para o país no Congresso do Povo - Reprodução

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) divulgou, neste sábado (12), uma carta aberta ao povo brasileiro em que convida a população a participar dos debates do Congresso do Povo Brasileiro, defende a inocência e o direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de se candidatar nas eleições presidenciais deste ano e cobra a apuração do assassianto da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).

"O Brasil vive uma profunda crise econômica, política, social e ambiental, resultante da crise internacional do capitalismo e da própria incapacidade deste sistema em solucionar as contradições que gera", diz o texto.

"Neste contexto, as saídas autoritárias, como os golpes e ataques à democracia, tem sido a fórmula adotada para garantir uma violenta ofensiva neoliberal, que retira direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, ao mesmo tempo em que sequestra e subordina o Estado aos interesses de grandes grupos empresariais".

O movimento identifica como responsáveis pelas crises que o país atravessa "o capital financeiro internacional; os veículos de comunicação, em especial a Rede Globo, que alimentaram e insuflaram os movimentos golpistas e fascistas; e o poder Judiciário, que por um lado, coloca os seus interesses e privilégios  acima da Constituição, e por outro, premia com a impunidade toda repressão e violência contra os pobres".

Confira a íntegra da carta:

CARTA DO MST AO POVO BRASILEIRO

O Brasil vive uma profunda crise econômica, política, social e ambiental, resultante da crise internacional do capitalismo e da própria incapacidade deste sistema em solucionar as contradições que gera. Neste contexto, as saídas autoritárias, como os golpes e ataques à democracia, tem sido a fórmula adotada para garantir uma violenta ofensiva neoliberal, que retira direitos dos trabalhadores e trabalhadoras, ao mesmo tempo em que sequestra e subordina o Estado aos interesses de grandes grupos empresariais.

É necessário ter clareza e identificar quem são os responsáveis por esta crise e pela instabilidade política em que vivemos para enfrentá-los: o Capital financeiro internacional; os veículos de comunicação, em especial a Rede Globo, que alimentaram e insuflaram os movimentos golpistas e fascistas; e o poder Judiciário, que por um lado, coloca os seus interesses e privilégios  acima da Constituição, e por outro, premia com a impunidade toda repressão e violência contra os pobres.

Este momento exige das forças progressistas unidade na ação e esforço em construir um Projeto Popular para o Brasil, capaz de enfrentar os problemas estruturais de nosso país, combatendo a miséria e o desemprego; retomando o desenvolvimento; enfrentando a questão habitacional e a mobilidade urbana nas cidades; garantindo saúde e educação públicas e de qualidade; realizando a reforma agrária no campo; protegendo os bens comuns da natureza e impedindo sua privatização; e, recuperando a soberania nacional.

Por isso, convocamos o conjunto da sociedade para construir e participar do Congresso do Povo Brasileiro, organizado pela Frente Brasil Popular, para que seja este espaço de discussão e organização em torno dos problemas do país e das medidas estruturais necessárias para superá-las.

Também reafirmamos nossa convicção na inocência do Presidente Lula, defendemos seu direito de concorrer às eleições presidenciais e, diante desta prisão política resultado de um processo ilegal e ilegítimo, exigimos sua liberdade!

Por todas essas razões, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, vem a público declarar o apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva, por entender que ela representa a luta contra o golpe e os desejos do povo brasileiro por mudanças nesse cenário de crise que assola a todos nós.

Não deixaremos esquecer, nem compactuaremos com a impunidade e por isso exigimos a solução e a justiça para os assassinato de nossa companheira Marielle, assim como de tantos jovens pobres vítimas das repressão. Que seu exemplo em vida continue inspirando os jovens, as mulheres e os trabalhadores e trabalhadoras nestes tempos de repressão e autoritarismo. Em sua memória, nenhum momento de silêncio, mas o compromisso e a luta das trabalhadoras e dos trabalhadores rurais Sem Terras contra o golpe, contra a retirada de direitos e da liberdade, por um país mais justo, igualitário e soberano!    

Lula Livre! Marielle Vive!
Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!

Direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

São Paulo, 12 de maio de 2018

Edição: Diego Sartorato