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Confirma-se a participação ativa de empresário midiático junto com golpistas

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Roberto Marinho, então dono da Globo, de braços dados com o poder e um dos mentores da ditadura militar
Roberto Marinho, então dono da Globo, de braços dados com o poder e um dos mentores da ditadura militar - Divulgação
O governo americano foi o primeiro a reconhecer a quebra da ordem constitucional

Esta informação deve ser do conhecimento de todo povo brasileiro, mas resta saber se será divulgada pela mídia comercial. Documentos secretos do Departamento de Estado norte-americano revelam que o empresário Roberto Marinho, proprietário do jornal e posteriormente da TV Globo, fundada durante a ditadura militar com a ajuda estrangeira, mais precisamente dos Estados Unidos, teve grande protagonismo junto à cúpula que se apossou do governo brasileiro depois do golpe de estado que derrubou o governo constitucional de João Goulart.

Roberto Marinho, segundo informações do então embaixador dos EUA, Lincoln Gordon, não só tinha livre trânsito com os golpistas, como se reunia com eles e até indicava ministros, como no caso de Juracy Magalhães, galgado ao Ministério da Justiça no governo do marechal de plantão Humberto de Alencar Castelo Branco.

Para se ter uma ideia, um ano e cinco meses depois do golpe que instalou a ditadura, mais precisamente no dia 14 de agosto de 1965, Lincoln Gordon informava ao Departamento de Estado, através de um telegrama catalogado como ultra confidencial, que Marinho manteve um encontro na Embaixada norte-americana onde o empresário midiático fez revelações sobre a sucessão entre os generais militares. 

O valioso informante de Lincoln Gordon, segundo o próprio embaixador, revelou também que estava “trabalhando silenciosamente” junto com um grupo vinculado ao marechal Castelo Branco, entre os quais o general Ernesto Geisel, na ocasião chefe da Casa Militar, o fundador do Serviço Nacional de Informação (SNI), coronel Golbery do Couto e Silva e ainda o então chefe da Casa Civil, Luis Vianna. O objetivo do “trabalho” era a discussão do futuro do próprio golpista ocupante do Palácio do Planalto no comando do país.

Roberto Marinho alertou os golpistas que se ocorresse uma eleição direta, marcada para outubro de 1965, a oposição retornaria ao comando do país, o que não era do desejo dos que se apoderaram pela força do governo brasileiro, naturalmente com o apoio integral do governo dos Estados Unidos. 

A título de recordação, o então governo norte-americano sob o comando do então presidente Lyndon Johnson foi o primeiro a reconhecer a quebra da ordem constitucional, diga-se de passagem, pouco tempo depois da derrubada de João Goulart.

Resultado concreto: o mandato de Castelo Branco foi prorrogado até março de 1967 e ele foi substituído pelo general Costa e Silva. O povo brasileiro só foi convocado para escolher o presidente em 1989, tendo comandado o país, além de Geisel e Costa e Silva, Garrastazu Médici e João Batista Figueiredo, todos eles apoiados integralmente pelas Organizações Globo, a mesma que em 2016 divulgou mentiras que objetivavam a derrubada da Presidenta eleita Dilma Rousseff. E isso, depois que O Globo publicou uma autocrítica por ter apoiado a ditadura empresarial militar instalada a partir de 1 de abril de 1964.

Fatos aqui narrados fazem parte da história brasileira, cujos documentos norte-americanos confirmam o que os opositores da longa noite escura que se abateu sobre o Brasil acusavam, ou seja, a ingerência do esquema Globo naquele período nefasto. Aguarda-se agora que a mídia comercial informe ao povo brasileiro, dando também destaque como já foi feito por ocasião de outros documentos pesquisados seja nos arquivos da CIA ou do Departamento de Estado norte-americano.

Edição: Brasil de Fato RJ