O Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos afirmou nesta terça-feira (15) que Israel ignorou a lei internacional sobre o uso da força ao atacar palestinos que protestavam na cerca com Gaza. O número de mortos nos protestos desta segunda chegou a 60.
“As regras para uso da força sob a lei internacional foram repetidas muitas vezes, mas parecem ser ignoradas repetidamente. Parece que qualquer um pode ser morto ou ferido: mulheres, crianças, imprensa, equipes de primeiros socorros, passantes ou qualquer um que esteja a até 700 metros da cerca”, afirmou o órgão, pelo Twitter, se referindo a Israel.
Em entrevista a repórteres em Genebra, o porta-voz do Escritório, Rupert Colville, explicou, segundo o jornal britânico The Guardian, que as leis internacionais deixam claro que “força letal só pode ser usado como último, não como primeiro recurso”.
“O simples fato de se aproximar de uma cerca não é um ato letal ou que coloca risco de vida, de modo que isso não dá autorização para alguém ser baleado”, afirmou. “Não é aceitável dizer que ‘é o Hamas e, por isso, está tudo bem’.” Israel e Estados Unidos dizem que a violência na cerca é causada pelo grupo, a quem consideram ser uma organização terrorista.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, o total de mortos chegou a 60, após um adolescente de 16 anos ter sido ferido por soldados israelenses. Só nesta segunda, sete menores foram mortos, incluindo uma criança de 8 meses. Desde o início da Grande Marcha do Retorno, em 30 de março, forças de Israel já mataram ao menos 14 crianças e adolescentes.
Deficientes físicos também estão entre os mortos. “Quão ameaçador pode um duplo amputado estar fazendo do outro lado de uma cerca fortificada?”, questionou Colville.
Nesta segunda (14), os Estados Unidos inauguraram sua embaixada em Jerusalém, o que intensificou os protestos de palestinos.
Condenação internacional
A reação violenta do governo israelense foi condenada por diversos países e órgãos ao redor do mundo. A África do Sul, por exemplo, retirou seu embaixador de Tel Aviv, uma ação de alta voltagem diplomática que expressa forte descontentamento com os atos de Israel. A Irlanda chamou o embaixador israelense em Dublin para dar explicações.
O presidente francês, Emmanuel Macron, ligou para o rei da Jordânia, Abdullah II, e condenou “a violência das Forças Armadas de Israel contra os manifestantes”.
A Turquia, por sua vez, também convocou seu representante diplomático em Israel e Estados Unidos. Segundo o Guardian, manifestantes pró-Palestina foram às ruas de Istambul protestar contra a violência Israelense.
O governo da China também expressou preocupação. “Pedimos a Israel e Palestina – especialmente Israel – para evitar uma escalada das tensões”, afirmou o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do país, Lu Kang.
Edição: Opera Mundi