Em Curitiba para participar de uma sabatina promovida por uma universidade, a pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, Manuela D’Ávila, aproveitou para visitar a Vigília Lula Livre, na Praça Olga Benário, onde dialogou com militantes de partidos e movimentos populares que fazem campanha permanente pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para a deputada, que visitou a vigília pela terceira vez, a luta pela liberdade de Lula é a luta pela democracia e, por isso, não se restringe a um partido político e seus militantes, mas deve ser a luta de todos que acreditam que a democracia seja fundamental para o desenvolvimento do país.
“Não acho que essa é uma luta do PT. Seria errado se o PT encarasse como uma luta só sua ou se a gente visse como uma luta do PT, porque a luta pela democracia, não é a luta de um único partido, deve ser a luta de quem defende que os diferentes caminhos que nós apontamos para o Brasil depende da democracia”, disse.
Pré-candidata à Presidência, a deputada afirmou que ela e o PCdoB só trabalham com o cenário em que Lula também é candidato em outubro.
“Acreditamos que o Brasil vive um ciclo político pós-golpe, que saídas precisam ser apresentadas e que a nossa candidatura é uma das formas de apresentarmos uma saída para a crise que o país vive. Então, a construção da minha candidatura se dá com a candidatura do ex-presidente Lula, que eu defendo que exista. Esse é o único cenário com que trabalhamos”, disse.
“A minha pré-candidatura foi lançada, em novembro, num cenário em que Lula também já era pré-candidato e nós nos encontraremos nos debates para discutir saídas para as crises que o país vive. É isso que eu defendo”, concluiu.
Ditadura
Em entrevista à imprensa, Manuela reconheceu a importância histórica dos documentos divulgados pela CIA sobre os assassinatos da ditadura militar, mas disse estranhar surpresa com que se reagiu às confirmações dos crimes.
“Os documentos da CIA não são surpresa. Nós fomos o partido que se tentou dizimar durante o processo da ditadura militar no Brasil. Não foram poucos os que morreram”, disse.
“A revelação dos documentos é importante, confere validade história e científica, agora está documentado. Mas a documentação para o PCdoB foi feita a balas. A documentação, para nós, já existia, pois nós perdemos os nossos, então a gente conhece essa história tatuada na pele, não precisava desses documentos da CIA”, acrescentou.
“Para nós, nunca foi ‘ditabranda’, porque o PCdoB perdeu sua direção quase que toda na chacina da Lapa. Para nós, nunca foi ‘ditabranda’ porque nós combatemos no Araguaia. E eu falo nós porque, mesmo tendo nascido depois do término do Araguaia, nós nos sentimos representantes daqueles que tombaram", seguiu a deputada federal.
A deputada ressaltou que, assim como no período da ditadura militar, as organizações sociais precisam lutar pela liberdade do povo neste momento pós-golpe. E, para ela, a vigília em Curitiba é símbolo desta resistência.
“O caminho para o Brasil enfrentar a crise é com liberdade e direitos sociais para o nosso povo. Mas não tem como isso acontecer sem democracia e, por isso, lutar pela liberdade de Lula não é um detalhe, é mais que estratégico. Existem muitas razões para que se lute pela liberdade dele, mas a principal delas é que ele está preso sem nenhuma prova”, concluiu.
Edição: Diego Sartorato