Desde seu início, em fevereiro deste ano, o Congresso do Povo já registrou atividades em 574 municípios e envolveu mais de 3 mil pessoas por todo o país.
A iniciativa é organizada pela Frente Brasil Popular, que congrega mais de 50 movimentos populares, centrais sindicais e partidos de esquerda. Antes de chegar às etapas estaduais e nacional, o processo passa pela organização de seminários nos municípios.
Eliane de Moura Martins, militante da Consulta Popular, explica que um dos objetivos do congresso é que as entidades ampliem o diálogo com setores da sociedade que não estão organizados.
"Essa fase que tivemos até aqui, do trabalho de fizemos até aqui, revela muito essa dinâmica de retomar um trabalho mais organizado e mais elaborado de reformulação de uma nova geração de militantes", disse a militante.
Martins indica que a principal dificuldade para as organizações, no momento, é a rearticulação de setores mais amplos da esquerda e o resgate de agentes e figuras sociais que historicamente tiveram envolvimentos com partidos, sindicatos e movimentos populares.
Presença nos estados
Até o momento, o congresso já chegou a 23 estados. O estado de Minas Gerais é um dos que mobilizou mais municípios, com atividades em 106 cidades.
Ester Hoffmann, dirigente do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nesse estado, conta que mais de 70 organizações, entre elas sindicatos e associações comunitárias, estiveram presentes nas etapas regionais, debatendo tanto a realidade nacional como a dos municípios.
A previsão é que o congresso estadual em Minas Gerais ocorra nos dias 9 e 10 junho. Hoffmann concorda que a importância do congresso é a de fazer com que o debate sobre um projeto de unidade popular para o país se estenda para setores não organizados nas cidades.
"A expectativa é que a partir desse processo mais unitário a gente avance para um segundo passo que é chegar até o povo que não está organizado e poder conversar sobre a situação do país e transformar essas reivindicações e toda essa perda dos trabalhadores em um processo de luta concreta", contou a dirigente.
O estado de Pernambuco também teve uma mobilização forte nesta primeira etapa, com 100 municípios das 11 regiões do estado envolvidos nas atividades.
Em Petrolândia (PE), na região de Itaparica, que abrange 12 municípios pernambucanos, as entidades estão organizando os seminários em áreas de assentamento, comunidades rurais e quilombolas, ocupação urbanas.
Adriana Gomes de Araújo, mora no Assentamento Antônio Conselheiro II e é presidente Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Petrolândia (Sinsenp). Ela considera que o processo vai fortalecer também as lutas regionais e estreitar os laços entre as diferentes entidades que resistem aos retrocessos das políticas do governo golpista de Michel Temer.
"A gente está tentando agregar algumas comunidades e igrejas também, todos os grupos estamos tentar trazer para discutirmos juntos. E o que a gente acha mais importante é o que a gente tem que retomar no Brasil todo: agir no local, na base, divulgar o que está acontecendo. Então, no meu ver, está sendo muito bom", relatou.
Para junho, além de Minas Gerais e Pernambuco, estão previstos os congressos estaduais no Ceará (16), Pará (15 e 16), Rio de Janeiro (9 e 10), Paraíba (15 e 16), Piauí (15) e Rondônia (9 e 10). As entidades do Rio Grande do Sul realizarão seu congresso nos dias 20 e 21 julho.
Você pode conferir mais informações sobre os seminários do Congresso do Povo na sua região no site da Frente Brasil Popular.
Edição: Mauro Ramos