Slam. Talvez nem todos reunidos no bairro Castelo Branco em João Pessoa, neste sábado (12), soubessem do que se tratava exatamente aquele momento. Talvez tivessem pesquisado na internet e visto que, provavelmente, seria algo como ver e ouvir poetas urbanos recitando.
O que se viu durante o evento Slam Parahyba, a primeira competição na capital paraibana dessa modalidade de arte de rua, foi algo que nem mesmo os organizadores esperavam.
“Essa primeira edição foi incrível, os vídeos divulgados na internet bombaram. Chegou uma galera que já cola no espaço e uma galera que veio porque soube através da nossa divulgação. Sem falar que foi uma organização inteira muito colaborativa, ficamos quase um mês organizando até tirar a data”, disse Mari Oliveira, uma das organizadoras do evento.
O slam nasceu nos Estudos Unidos, muito ligado à arte de rua, ao Rap, nos guetos de Chicago nos anos 80. Em geral, são batalhas de poesia que já tomaram conta de todo o país. “Inclusive tem o Slam BR que já junta vários de várias cidades, no nordeste sei que tá muito forte em Recife, inclusive que levou o Slam BR foi uma mina de lá e aqui em João pessoa é a primeira vez que tem”, explicou Mari.
O grande vencedor da primeira edição, Emanuel Moreira, de 18 anos, não é diretamente ligado a cultura Hip Hop. Morador do bairro de Várzea Nova, na cidade de Santa Rita, na região metropolitana de João Pessoa, não se identifica nem como rapper ou como poeta, mas como ator. “Minha ligação com poesia vem do teatro mesmo. Há 8 anos faço teatro e algum tempo me redescobri nele. Quando fiquei sabendo do Slam fui pra reunião e achei que ia bombar, porque aqui na Paraíba é cheio de gente talentosa e o que falta é espaço”, revelou.
As inscrições são feitas na hora. Cada autor leva suas poesias e tem três minutos. Os jurados são tirados do público. Foram oito inscritos, passaram cinco para a segunda fase e ficam três para a final. “Ele acontece dentro de um campo literário, mas não é um recital, nem um sarau ou um concurso. Cada júri vai dizer o que sentiu, a melhor poesia é aquela que mais te tocou e não a mais técnica ou com métrica perfeita, muitas vezes é a forma de abordar o tema”, garante Mari.
Entre as premiações, todas conseguidas de maneira colaborativa, estavam um livro de literatura periférica, um cd de um grupo de rap paraibano composto apenas por mulheres, o Sinta a Liga Crew, e uma camiseta da banda.
A ideia é não parar por aqui. Os planos, segundo Mari, é descentralizar, levar para os bairros periféricos o evento. “Queremos fazer o slam aqui com tudo o que tem da cultura paraibana, usar o repente, o pé-de-serra, o rap que é muito bem feito aqui. Não queremos pegar o slam feito em São Paulo e trazer aqui, mas sim que esse corpo, os poetas que estão participando, o formato que eles tem, que decidam inclusive as regras que estão aí para serem rediscutidas”, afirmou.
Edição: Paula Adissi