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Família de assassinado pela ditadura aguarda novas revelações sobre documentos da CIA

Raimundo Ferreira Lima era conhecido como Gringo e atuava como agente da Comissão Pastoral da Terra

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Em 4 de abril de 1968, tanques do Exército ocupam ruas cariocas
Em 4 de abril de 1968, tanques do Exército ocupam ruas cariocas - Arquivos Wikipedia

Família de paraense assassinado durante a ditadura no governo  João Figueiredo acredita em novas revelações após divulgação de documento da CIA e pede a revisão da Lei da Anistia.

Nascido em Marabá, no Pará, Raimundo Ferreira Lima tinha 43 anos, em 1980, quando foi sequestrado de um hotel em Araguaína, hoje estado do Tocantins. Levado até uma estrada fora da cidade, foi torturado e morto com dois tiros nas costas. As informações estão no Relatório da Comissão Nacional da Verdade, que apurou violações de direitos humanos ocorridas durante a ditadura militar.

Na região, Raimundo era conhecido como Gringo e atuava como agente da Comissão Pastoral da Terra.

Raimundo foi assassinado quando a Lei de Anistia já havia sido promulgada pelo então presidente General João Baptista Figueiredo. A legislação perdoou quem foi considerado criminoso político pelo regime militar, de 1961 à 1979. Em 2002, uma nova lei ampliou o período da anistia entre 1946 e 1988.

Na última semana, um documento revelado pela CIA, a agência de inteligência norte-americana, trouxe novos detalhes sobre o período. O memorando, de 1974, mostra que o ex-presidente Ernesto Geisel autorizou o Exército a continuar a política de execuções contra opositores da ditadura militar no Brasil, mas limitou as execuções aos mais “perigosos subversivos”.

Alex Costa Lima é o mais novo dos seis filhos de Raimundo. Tinha 8 meses de idade quando o pai foi assassinado. Para ele, a notícia só veio confirmar o que a família sempre acreditou: que a morte do pai não foi só uma questão agrária. Envolveu também questões políticas e ideológicas.

“Até mesmo porque todo o poder coercitivo do Estado foi usado no tempo para conseguirem eliminar ele, desde o Getat, que hoje é o Incra, até o Exército, através do major Curió, o Poder Judiciário, a Polícia Federal, todos esses participaram de uma forte repressão na região do Araguaia. Com isso, a gente acreditava que existia uma ordem superior”, disse Alex, o filho do Raimundo.

Alex disse que família vai procurar a Justiça para rever as questões e aguarda novas revelações de documentos produzidos pelo governo dos Estados Unidos.

 “A gente vai para os meios jurídicos. A gente vai tentar de alguma maneira procurar rever essas questões. Até mesmo a própria Lei da Anistia. E tentar ir mais a fundo nessa questão documental da CIA, porque a gente sabe que isso aí é só uma ponta daquilo que pode aparecer. A gente sabe que teve a influência estadunidense na ditadura militar aqui no Brasil", comentou.

Esta semana, o governo brasileiro solicitou ao Departamento de Estado norte-americano o acesso aos documentos produzidos pela CIA sobre a ditadura militar. A medida atende ao pedido do filho de outra vítima do período, Ivo Herzog, filho do jornalista Vladimir Herzog.

Edição: Juca Guimarães