O ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba nesta quinta-feira (18). Acompanhado da presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, Haddad, que também é coordenador do plano de governo do PT para as eleições presidenciais de 2018, afirmou à imprensa ter aproveitado a oportunidade para repassar a Lula os debates que têm sido realizados com a população sobre propostas para o país.
“Eu discuti com ele plano de governo. Não discuti relação de partido, chapa, essas coisas, o fim melancólico do governo Temer, já que todos os planos deste governo golpista foram por água abaixo, aquilo que se pretendia fazer, praticamente nada foi entregue”, disse.
“Na minha primeira visita ao presidente Lula, encontrei uma pessoa extremamente disposta a discutir o país, que reafirma não só sua inocência, mas sua pretensão de governar o país, e que nos repassou uma série de diretrizes para a construção de seu plano de governo. Um plano de que ele reafirma que tem que ser ousado, falar com a esperança das pessoas, o futuro do país, na linha do que foram seus outros governos”, acrescentou.
Haddad reafirmou também não existir plano B para o caso de impedimento da candidatura de Lula. “Não tem um único petista que duvida da inocência do Lula. A única coisa que se comenta é que ele vai reverter a decisão nos tribunais superiores porque não há nenhuma prova contra ele, e que ele tem convicção que os dois recursos vão ter provimento e ele estará em plenas condições de disputar a eleição”.
"Ausência" de Lula
O ex-prefeito também minimizou a possibilidade de que o PT esteja ficando de fora da agenda de pré-campanha por conta da prisão de Lula, e ressaltou que os resultados das pesquisas de intenção de voto mostram que a candidatura de Lula está muito presente no debate eleitoral.
“Primeiro, estamos convictos das teses que o presidente Lula encarna, tanto em relação ao futuro do país, quanto em relação a este período até o registro de sua candidatura. Não há dissidência em relação a isso. Todas as pesquisas apontam a liderança absoluta dele. Como que nós mesmos vamos negar o que as pesquisas indicam?”, questionou.
Sobre as recentes declarações de lideranças do PT a respeito de se buscar uma aliança de esquerda, Haddad disse que tal conversa não passa pela discussão sobre abrir mão da cabeça da chapa.
“Ele [Lula] me recomendou que mantivesse o debate com os demais partidos. Ele quer que seu plano de governo reflita, inclusive, as boas ideias de governadores progressistas, como Flávio Dino (PCdoB-MA), Paulo Câmara (PSB-PE), Ricardo Coutinho (PSB-PB). É de interesse dele que os partidos progressistas que se opõem ao governo Temer, que se opõem a esse condomínio que governa o país, usurpando o poder, essas forças políticas mantenham o diálogo, independente de candidaturas. Todos têm direito de ter seus candidatos. No decorrer do processo, no segundo turno, estaremos unificados”, disse.
Indulto
Segundo Gleisi, que acompanhou Haddad na visita a Lula, o ex-presidente acompanhou boatos da imprensa sobre a mobilização de aliados para que pré-candidatos a presidência prometam um indulto a Lula caso eleitos, e rechaça a idéia. “Ele me disse: tem que parar de falar em indulto. Eu não aceito indulto. Eu não sou culpado. Indulto é para culpado, é perdão. Eu sou inocente e quero provar minha inocência”, relatou a senadora ao deixar a sede da PF.
Gleisi também reafirmou que o PT irá registrar a candidatura de Lula mesmo que ele ainda esteja preso em agosto, e sustentará sua condição de candidato durante todo o processo eleitoral, sem negociar alianças ou substituição do candidato.
“Nós consideramos Lula inocente, não reconhecemos essa condenação como uma condenação válida, é cheia de vícios. Ele foi condenado sem provas, sem crime tipificado. Além disso, a lei da ficha limpa não o impede de ser candidato. Sua candidatura pode ser questionada após o registro. Nós vamos registrar, vamos sustentar sua candidatura e vamos derrubar a inelegibilidade”, disse.
A senadora explicou, porém, que mantém o diálogo com os demais partidos de esquerda, principalmente para a construção de uma agenda legislativa comum.
“Temos uma frente de sete partidos que foi lançada com um manifesto em defesa da democracia e dos direitos aos trabalhadores, independente de candidaturas a presidente da República, pois todos os partidos têm legitimidade de propor candidato. Assim como o PT tem legitimidade e vai propor seu candidato, mesmo porque temos o candidato mais bem posicionado, continuamos sendo o partido de preferência nacional, recuperamos nossa relação com a sociedade e não podemos abrir mão de apresentar nossa candidatura”, disse a petista.
“Isso não impede de discutirmos programa e estamos discutindo, inclusive, propostas para o Legislativo, pois precisamos eleger uma bancada progressista, para conseguirmos aprovar as reformas que precisamos fazer para recolocar o país no rumo do desenvolvimento”, acrescentou.
Edição: Diego Sartorato