Desde a manhã deste domingo (20), o consulado da Venezuela, em São Paulo (SP), permaneceu aberto para os mais de 500 venezuelanos e venezuelanas registrados para votar nas eleições presidenciais que acontecem no país sul-americano. Em clima de disputa, brasileiros e cidadãos do país vizinho organizaram manifestações para marcar sua posição diante de um pleito que tem como principais candidatos o chavista e atual presidente, Nicolás Maduro, e o opositor Henri Falcón, do partido Avançada Progressista.
Embora parte da oposição venezuelana tenha feito um chamado ao boicote eleitoral, alguns venezuelanos residentes em São Paulo, até mesmo os opositores ao governo de Nicolás Maduro, decidiram comparecer à sede diplomática. É o caso de Yuribeth Serpa, 31 anos, residente há cinco no Brasil. "É a única ferramenta que eu tenho, além da oração para salvar o meu país. Por isso eu estou aqui. Muitas pessoas disseram para eu não vir votar, mas é um direito e eu decido exercer o meu direito".
Yasmin Monsalve, 53 anos, que mora em São Paulo há 12, não concorda com o voto de protesto e prefere sequer votar. Ela participou de uma pequena manifestação na Avenida Paulista, contra as eleições deste domingo. “A oposição na Venezuela cometeu muitos erros, e isso abriu caminho para que essas pessoas do projeto revolucionário se instalassem ainda mais no poder. E eles querem, agora, se perpetuar no poder através de eleições ilegítimas, às quais nós nos negamos a participar, porque não faz nenhum sentido”.
A alguns quarteirões de distância, outro grupo se reuniu para apoiar a realização das eleições venezuelanas. O professor venezuelano Iván González, 55 anos, vive no Brasil há 13 anos e acredita que as eleições vão servir para aprofundar ainda mais a democracia participativa e o processo revolucionário na Venezuela.
“O fundamental neste momento é o sentido de soberania, de decisão democrática do destino do povo através do voto. Como em qualquer outra eleição, o povo deve soberanamente decidir. E em meio ao ataque que estão fazendo contra a Venezuela, fora e dentro do país, é uma reafirmação do projeto de mudanças que representa a Revolução Bolivariana”, afirmou.
A ação em apoio às eleições foi organizada pelo Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela. Na ação, os militantes de movimentos populares brasileiros distribuíram panfletos explicativos sobre a situação política, econômica e social do país vizinho. “Hoje, as representações do Comitê Brasileiro pela Paz na Venezuela vieram aqui na Paulista para dialogar um pouco com a população, com quem está passando por aqui, sobre as eleições de hoje, sobre tudo o que está acontecendo lá, e colocar um pouco da nossa posição”, disse Paola Estrada, articuladora do comitê, que também criticou a postura de parte da mídia brasileira que vem apontando fraude ainda antes da eleição de fato acontecer, no sentido de deslegitimar o processo eleitoral.
Mais de 20 milhões de venezuelanos estão habilitados a votar nas eleições presidenciais deste domingo. As urnas ficam abertas das 6h às 18h, horário local (7h às 19h no horário de Brasília).
Edição: Vivian Neves Fernandes