Já se vão oito dias de paralisação dos caminhoneiros de todo o país, e o governo federal ainda não conseguiu encontrar uma solução ao problema, que já provoca o desabastecimento de combustíveis, alimentos e até remédios em todas as regiões do país.
Neste domingo (27), o presidente golpista Michel Temer fez um pronunciamento no Palácio do Planalto para anunciar novas ações que pudessem contemplar as reivindicações da categoria em greve. Entre as medidas, estão a redução de R$ 0,46 no litro do diesel e o congelamento dos preços não mais por 30, senão por 60 dias.
O governo se comprometeu ainda em garantir 30% dos fretes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aos caminhoneiros autônomos, além da edição de uma medida provisória para a isenção de pedágios aos caminhões com eixos suspensos.
“Brasileiros e brasileiras, nós fizemos nossa parte para atenuar problemas e sofrimentos. As medidas que acabo de anunciar, repito, atendem a praticamente todas as reivindicações que nos foram apresentadas. Por isso, eu quero manifestar a minha plena confiança, a confiança do governo, no espírito natural de responsabilidade e de patriotismo de cada um daqueles caminhoneiros que servem ao nosso país”, afirmou o presidente.
Durante o pronunciamento, foram registrados panelaços e gritos de ‘Lula livre’ e ‘fora Temer’ em algumas capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba e Brasília.
Embora tenha participado das negociações com o governo e se declarado satisfeito com as medidas, Diumar Bueno, presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), afirmou que as entidades não estão em condições de garantir a desmobilização dos caminhoneiros em greve. “Nunca as entidades se posicionaram na condição de desmobilizar. Foi a categoria, de forma independente, que estabeleceu o movimento e tem a competência de avaliar as reivindicações trazidas pelo governo e entender se é momento de desmobilização ou não. Compete a ela [à categoria]”.
A base, em sua maioria, não parece ter ficado satisfeita com as propostas do governo. Nesta segunda-feira (28), foram registrados protestos e bloqueios de rodovias em 24 estados do país.
Adesões
O presidente do Sindicato dos Mensageiros, Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas (Sindimoto), Gilberto Almeida, que representa cerca de 500 mil profissionais do Estado de São Paulo, afirmou que a categoria decidiu se somar à greve dos caminhoneiros, já que não há como trabalhar, pela falta de combustíveis. Segundo ele, os motociclistas, que já realizaram um protesto na última sexta-feira (25), pretendem fazer uma nova manifestação nesta terça-feira (29).
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) também convocou uma paralisação de 72 horas a partir da próxima quarta-feira (30). Eles exigem a redução dos preços do gás de cozinha e combustíveis, por meio de mudanças na política de preços da Petrobras e a saída de Pedro Parente da presidência da empresa.
Efeitos
Segundo a Infraero, oito dos 54 aeroportos administrados por ela seguem sem combustível. Em nota, a empresa afirma que está em contato com outros órgãos públicos “para garantir a chegada dos caminhões com combustível de aviação aos aeroportos administrados pela empresa".
Em alguns estados do país, as universidades públicas decidiram fechar as portas por conta dos efeitos da greve. A Universidade de São Paulo (USP) anunciou a suspensão das aulas até a próxima quarta-feira (30).
Em diversas cidades foram suspensos os serviços de coleta de lixo. Na capital paulista, a empresa responsável pelo transporte urbano, a SPTrans, informou que colocará nas ruas de 60% a 80% da frota de ônibus. A prefeitura de São Paulo também manteve suspenso o rodízio de carros por tempo indefinido.
Edição: Nina Fideles