A crise política gerada pelos efeitos da greve dos caminhoneiros segue incendiando os debates no Legislativo. Nesta segunda-feira (28), diferentes parlamentares da oposição reforçaram as críticas ao governo e à forma como o tema vem sendo conduzido pelas equipes de articulação política e economia do Planalto.
O líder da bancada do PCdoB na Câmara, Orlando Silva (SP), destacou que as medidas apresentadas até o momento pelo governo não tocam em questões profundas que interferem no preço do diesel, por exemplo.
Em acordo feito no fim de semana com a Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), o Planalto colocou como proposta um subsídio do valor referente à retirada de Pis, Cofins e Cide sobre o produto.
A iniciativa deve reduzir em R$ 0,46 o preço do combustível até o final deste ano. A redução ocorrerá de forma escalonada, com reajustes a cada 30 dias e congelamento dos preços por 60 dias, de forma que o valor dos fretes realizados pelos caminhoneiros possa ser previamente calculado.
Orlando Silva criticou, no entanto, o fato de não ser proposta uma medida de caráter mais permanente. Ele também destacou que as alterações não mexem na atual política de preços da Petrobras, em vigor desde julho do ano passado, que interfere ainda no valor cobrado pelos outros combustíveis.
“São insuficientes para se estabilizar a crise que o país atravessa e o preço do diesel, sem falar que, o que vale pro diesel, daqui a pouco a população vai perguntar: ‘Por que não [vale] para o gás de cozinha?’. É inevitável rever a política de preços da Petrobras”, defendeu.
As críticas também ecoam no Senado. O líder da minoria na Casa, senador Humberto Costa (PT-PE), defendeu que sejam feitas mudanças de maior alcance.
“É necessário haver um debate sobre a política de preços, a composição de preços de derivados do petróleo e outros temas importantes, como a importação de derivados e a subutilização das refinarias”, acrescentou.
As reprovações ao governo também passam pela manutenção de Pedro Parente na diretoria da estatal. Apoiado pelo presidente golpista Michel Temer (MDB) e pelo mercado financeiro, o político é fortemente criticado por funcionários de carreira da empresa e pelos setores populares.
Tanto nos bastidores do Congresso quanto sob os holofotes, parlamentares de diferentes matizes engrossam o movimento pela saída do gestor. No final da tarde desta segunda, o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), por exemplo, divulgou nota pedindo o afastamento de Parente.
O psolista destacou que as medidas da atual gestão beneficiam o capital financeiro. “Enquanto isso, o preço nas bombas de combustíveis teve alta delirante, provocada por sua diretriz de reajustes diários e atrelados à variação internacional, e as refinarias brasileiras diminuíram o uso das suas capacidades em benefício de um aumento das importações”, ressaltou o parlamentar.
Edição: Diego Sartorato