Centenas de professores da rede privada de educação se reuniram na tarde desta terça-feira (29), em São Paulo, para uma assembleia da categoria. A multidão tomou três quarteirões da Rua Borges Lagoa, na Vila Clementino.
No dia 23 de maio, 32 escolas paralisaram suas atividades depois que o sindicato dos trabalhadores e o sindicato patronal não chegaram a acordo sobre a convenção coletiva da categoria. Nesta terça-feira, já eram mais de 100 as escolas que aderiram à paralisação, segundo o Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro).
"Hoje paramos mais de 100 escolas e, pela manhã, certamente pressionados pelo movimento de paralisação, o presidente do sindicato patronal procurou o nosso presidente", afirmou o professor José Faro.
A nova proposta vinda do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de São Paulo (Sieeesp) garantiu a manutenção da convenção coletiva vigente por mais um ano, mais reajuste salarial de 3% e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 15%.
Os professores e professoras aceitaram os termos do acordo, e estabeleceram prazo até a próxima quarta-feira (6) para que o sindicato patronal consolide a proposta. Caso isso não aconteça, a assembleia estabeleceu indicativo de nova greve já a partir do dia seguinte, 7 de junho.
"Nós preferimos ter a convenção totalmente em vigor por um ano do que não ter nada", pondera Faro.
Quem luta, conquista
Carina Vitral, presidente da União da Juventude Socialista (UJS), avaliou o como vitorioso o resultado da paralisação. "Dá um recado para a classe trabalhadora de que quem luta, conquista. Ter assegurado os direitos por um ano foi algo muito positivo para continuar lutando e conseguir garantir os direitos dos próximos anos", afirmou.
Maria, professora de Sociologia que preferiu não se identificar, acredita que a categoria de professores da rede privada mostrou sua capacidade organizativa, mas acredita que houve receio dos trabalhadores de continuar a pressão em busca de dois anos de manutenção da convenção coletiva. "O maior medo é de retaliações", lamentou.
A professora acredita que a categoria deve se manter mobilizada para impedir demissões em massa a partir de novembro. Em estado de greve, período no qual a greve pode ser deflagrada pelos trabalhadores a qualquer momento, a próxima quarta-feira será decisiva para a categoria, que não realiza uma greve há 15 anos.
Edição: Diego Sartorato