José Maria Rangel, da coordenação geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), deu entrevista à Rádio Brasil de Fato, nesta quarta-feira (30), para explicar quais as pautas da greve promovida pela categoria. Ele também analisou a atual administração da Petrobras e as políticas de preço adotada pela companhia, na atual gestão de Pedro Parente, presidente da estatal.
Para Rangel, a greve dos petroleiros serve para dialogar com a sociedade sobre o desmonte que a Petrobras está sofrendo, e que influencia no dia a dia do trabalhador. "Quando a Petrobras toma a decisão de parar de construir navios e plataformas aqui, ela gera desemprego. O Brasil paga, hoje, a segunda gasolina mais cara do mundo porque a Petrobras decidiu, mesmo tendo toda a capacidade de refinar petróleo aqui, fazer a opção pelo mercado financeiro", exemplifica o petroleiro.
Confira:
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) considerou a greve abusiva, porque manter a greve?
Os ministros do TST vivem em um mundo que não é real. Abusivos são os preços dos derivados de petróleo que estão massacrando a sociedade brasileira. Nossa greve não tem o objetivo de causar desabastecimento ao país. A categoria petroleira sempre primou em manter o diálogo para que as necessidades básicas da população sejam garantidas.
Lamentavelmente, o TST toma uma decisão baseada em afirmações falsas da Petrobras, que amedronta a sociedade brasileira com esta questão de desabastecimento. E temos visto que as decisões do TST, estas sim, são políticas, porque nós temos cumprido tudo que é solicitado pela lei de greve. Por exemplo, porque nós temos que avisar com 72 horas a nossa greve? É porque somos considerados uma categoria que atua em uma atividade essencial, portanto, temos que sentar com nossos empregadores e discutir uma cota de produção, quantas pessoas vão participar da paralisação.
Mas isso, não intimidou a categoria dos petroleiros. A greve é política sim, porque tudo em nossa vida gira em torno da política. Por exemplo, os ministros do TST estão lá por uma indicação política. Não existe prova para entrar lá. A forma como o Pedro Parente [presidente da Petrobras] está administrando a estatal e a política de preço dos combustíveis também é uma decisão política. Então, essa é uma conversa que está ficando chata. Dizer que nós vamos causar desabastecimento também é mentira. Porque durante a greve dos caminhoneiros a Petrobras continuou produzindo. Os tanques estão abarrotados de combustíveis.
Quais são as reivindicações?
É uma greve de advertência. Nós tínhamos um calendário pré-estabelecido, muito antes da greve dos caminhoneiros. Nós estamos utilizando, exatamente, para dialogar com a sociedade sobre o desmonte que a Petrobras está sofrendo e que este desmonte influencia no dia a dia do trabalhador.
Por exemplo, quando a Petrobras toma a decisão de parar de construir navios e plataformas aqui, ela gera desemprego. O Brasil paga, hoje, a segunda gasolina mais cara do mundo porque a Petrobras decidiu, mesmo tendo toda a capacidade de refinar petróleo aqui, fazer a opção pelo mercado financeiro. E essa política só vai ter um fim com a saída do Pedro Parente. Esses itens compõem a nossa pauta.
O Brasil teria plena capacidade de refinar o petróleo e o governo vai na contramão disso?
Com certeza, o Brasil produz hoje cerca de 2,2 milhões de barris de petróleo por dia. Temos uma capacidade de refino da ordem de 2,1 milhões de barris por dia, e o nosso consumo diário é de 2,3 milhões de barris. Para você ver que são números muito parecidos. Quer dizer: hoje, a Petrobras, por uma decisão do Pedro Parente, nós estamos refinando 1,7 milhão de barris. Significa dizer que estamos importando quase 600 mil barris, por dia. Uma loucura.
Edição: Tayguara Ribeiro