Nós fortaleceremos essa luta nos bairros, universidades e escolas
A juventude brasileira vive o drama do aumento do desemprego e, por consequência, deixa de realizar o sonho da formação acadêmica. Há pouco tempo atrás isso era impensável, pois vivíamos o período de maiores oportunidades de estudo e trabalho para a juventude.
O Estadão trouxe vários exemplos sobre essa situação, na matéria intitulada “Crise tirou 170 mil jovens da faculdade”. Mas, para ser fiel à realidade, a matéria deveria ser intitulada "Golpe tirou 170 mil jovens da faculdade".
É verdade que o capitalismo está em crise internacionalmente e que essa crise impacta nosso país. Mas também é verdade que as saídas para essa crise são decisões políticas.
E no caso do Brasil, a elite decidiu sair da crise dando um golpe jurídico-parlamentar e colocando a conta para o povo trabalhador pagá-la. E é por esse motivo que estamos vendo os sonhos da juventude sendo jogados no ralo.
Enquanto 170 mil jovens abandonaram sua graduação em 2017 - fruto do aumento do desemprego e dos cortes no financiamento da educação -, o país assiste um desmonte brutal de uma das maiores empresas de petróleo do mundo, a Petrobras.
A estatal tem o potencial de garantir o desenvolvimento e o acesso aos direitos básicos por meio de recursos gerados por essa grande riqueza que é nosso petróleo.
Essa questão ganhou bastante evidência devido à crise de abastecimento que o país viveu quando, em maio, os caminhoneiros paralisaram suas atividades chamando atenção de toda população para o aumento abusivo do preço dos combustíveis.
Diante dessa situação, os petroleiros reagiram prontamente com uma greve que, embora tenha sido duramente criminalizada pelo Tribunal Superior do Trabalho, conseguiu denunciar que a política adotada pelo então presidente da estatal, Pedro Parente, e o governo golpista de Michel Temer (MDB) é uma política de desmonte e entrega do petróleo da nação para garantir o lucro de empresas estrangeiras.
Essa política privatista não corresponde aos interesses nacionais e beneficia, especialmente, os sanguessugas do setor rentista. Por isso, essa questão vai muito além do aumento dos preços dos combustíveis.
Fruto de muita pressão popular oriunda da mobilização dos caminhoneiros e da forte unidade dos trabalhadores e trabalhadoras em torno da greve dos petroleiros, Pedro Parente pediu demissão.
Porém, o novo presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, é um defensor da política privatista e representa a continuidade do mesmo projeto entreguista.
Cabe aos setores populares permanecer debatendo com a sociedade qual projeto defendemos para esse setor tão estratégico. O que queremos do nosso petróleo? O que queremos da Petrobras?
Após a descoberta das reservas do pré-sal o Brasil elevou enormemente a capacidade de produção, que antes era suficiente para o consumo por 19 anos. Depois do pré-sal passou para 178 anos.
Com uma Petrobras forte e estatal, nós temos todas as condições de garantir o acesso e a permanência dos jovens na universidade, ampliando o financiamento da educação pública através dos royalties e do fundo social do pré-sal destinado à Educação.
Porém, essa grande conquista foi ameaçada com a 4ª rodada de leilão do pré-sal que ocorreu no dia 07 de junho, com 14 empresas concorrendo sem a participação obrigatória da Petrobras na operação.
O que nós jovens reivindicamos é uma Petrobras 100% estatal, com mais investimentos e geração de emprego, que garanta a soberania nacional sobre as nossas riquezas e que priorize os recursos gerados pelo petróleo para o combate às desigualdades sociais, desenvolvimento tecnológico e a garantia do acesso aos direitos básicos como saúde e educação.
Precisamos barrar a lógica de desinvestimento e enfraquecimento da Petrobras encabeçada por Temer, Parente e - agora - Ivan Monteiro, que reproduzem uma lógica colonialista na qual o Brasil está sempre submisso aos interesses de outras nações - em especial dos Estados Unidos -, antes que mais jovens abandonem seus estudos por conta dessa política irresponsável.
Por fim, o fortalecimento de uma Petrobras estatal também é uma forma de enfrentar a grave crise econômica que o país passa, deslocando a responsabilidade para o Estado brasileiro e não para os mais pobres do país.
Outras medidas também são possíveis para alcançar o equilíbrio fiscal sem cometer uma grave injustiça como, por exemplo, uma reforma tributária justa, que cobre mais tributos dos mais ricos e não dos mais pobres.
Essa é uma disputa da atualidade que tem muita centralidade, pois envolve a possibilidade de termos um país de oportunidades de direitos, justiça social e distribuição da riqueza ou de miséria e desigualdade.
Temos o dever de escolher um lado, um projeto de país, e temos o direito de lutar por ele. Em junho, seremos todos petroleiros e petroleiras na construção da greve que já foi aprovada pela categoria. Nós fortaleceremos essa luta nos bairros, universidades e escolas, conscientizando o país sobre o que está em risco e defendendo a soberania da nossa nação!
Edição: Simone Freire