A organização social e política colombiana Congresso dos Povos (em espanhol, Congreso de los Pueblos) denuncia a detenção de um dos seus líderes, Julián Andrés Gil Reyes, que ocorreu na tarde desta quarta-feira (6), em frente à sede da entidade, em Bogotá, capital do país.
Julián Andrés é secretário técnico e membro da comissão internacional do Congresso dos Povos. Segundo a organização, ele foi abordado, enquanto saia do escritório e “foi conduzido ao Comando da Polícia de Cundinamarca”, que fica aproximadamente a três horas de Bogotá.
Ainda de acordo com nota do movimento, “Julián detectou estranhos monitoramentos de sujeitos civis, em dias anteriores, fazendo registros fotográficos e monitorando as atividades da sede do Congresso dos Povos, onde ele trabalha e desenvolve suas atividades políticas”.
O militante é acompanhado por advogados da Comissão de Direitos Humanos do Congresso dos Povos e da Equipe Jurídica dos Povos. A formalização da detenção e as acusações direcionadas a ele ainda serão apresentadas em audiências judiciais a serem realizadas nesta quinta-feira (7), às 14h, horário de Bogotá (16h, hora de Brasília).
Fabian Laverde Doncel, da Comissão de Direitos Humanos do Congresso dos Povos, afirmou ao Brasil de Fato que ainda não se conhecem as provas que a Procuradoria Geral (órgão responsável pela formulação de acusações; na Colômbia é denominado Fiscalía General de la Nación), possa ter que justifiquem a captura do militante.
Ele explica que, na tarde desta quinta, ocorrem três audiências diante de um juiz federal, nas quais se abre o processo, são apresentados os delitos que a procuradoria considera que o detido tenha cometido e, por fim, uma de solicitação de liberdade do acusado. Apesar do militante ter sido abordado em Bogotá, as audiências acontecem no município de Vianí, no departamento de Cundinamarca.
De acordo com Laverde, que também é pesquisador criminalístico e jurídico, a ordem de captura partiu da Procuradoria Geral e foi cumprida pela Polícia Judicial da Polícia Nacional de Colômbia, conhecida como Dijin.
"As condições de Julián Andrés neste momento são baixo a privação de liberdade, de perseguição ao movimento social, em custódia da Polícia Nacional", afirmou. Até a realização das audiências, somente os advogados do caso estão em contato com Julián Andrés.
"Nós entendemos que esta detenção ocorre em um marco de perseguição do movimento social, que não é a primeira vez que ocorre e que seguramente seguirá com mais detenções e golpes como esse. Como defensores de direitos humanos, nós temos clareza de que estamos enfrentando, no pior dos caso, com a morte de líderes sociais, sem que nada aconteça nas investigações desses casos. Na Colômbia, já foram mais de 400 líderes sociais assassinados de 2016 até o momento", denuncia Laverde.
Criminalização
Na denúncia pública do caso, a organização Congresso dos Povos afirma: “Exigimos das autoridades, em especial da Procuradoria-Geral, que ofereça todas as garantias processuais, constitucionais e legais ao cidadão Julián Andrés Gil Reyes, e que pare de maneira imediata a perseguição contra líderes sociais na Colômbia”.
“Denunciamos estas detenções irregulares como uma estratégia de judicialização e criminalização do Estado colombiano para desmantelar as organizações sociais e impedir o direito constitucional ao protesto e ao desenvolvimento dos princípios democráticos”, finaliza a nota.
A articulação continental Alba Movimentos, da qual o Congresso dos Povos faz parte, lançou nota pública em que pede a libertação imediata do militante colombiano Julián Andrés.
"Existe muita manifestação de solidariedade com Julián e com o Congresso dos Povos, com o movimento social colombiano, vindas de distintas partes da Colômbia e do mundo. E isso nos motiva para que sigamos lutando pela liberdade não só de Julián, mas a liberdade de tantos presos políticos, em um Estado que se autodetermina como estando em paz", reforça Fabian Laverde.
Confira a nota do Congresso dos Povos.
Edição: Vivian Neves Fernandes