Coluna

Declaração do substituto de Meirelles confirma o pavor do mercado em perder a boca

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O novo ministro da fazenda, Eduardo Guardia, não passa de um seguidor total e absoluto das idéias de Meirelles
O novo ministro da fazenda, Eduardo Guardia, não passa de um seguidor total e absoluto das idéias de Meirelles - Alessandro Dantas/PT no Senado ​
Ou o povo se mobiliza ou então pouco restará do país chamado Brasil

Eduardo Guardia, o substituto no Ministério da Fazenda do aposentado do Banco de Boston, Henrique Meirelles, afirma que a eleição de outubro está provocando “nervosismo” no mercado, daí, segundo ele, o aumento do dólar e as sucessivas quedas na Bolsa de Valores. Diante do desabafo do ministro, que, claro, não passa de um seguidor total e absoluto das idéias de Meirelles, mas do que nunca todo cuidado é pouco, ou seja, o mercado e o governo sinalizam para a hipótese de não realização do pleito presidencial em 7 de outubro, porque temem perder a boca conquistada no últimos dois anos com Michel Temer.

O fato de Carmen Lúcia ter retirado da pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) o tema parlamentarismo e sua aprovação sem necessidade de uma consulta popular, não quer dizer muita coisa, apenas que o tema mencionado pode ser apresentado em outra ocasião, esgotadas as possibilidades dos golpistas conseguirem evitar que o povo, e não o Congresso, dê a última palavra sobre a realização da eleição presidencial no próximo 7 de outubro.

É visível o problema da direita que se apresenta como centro encontrar o candidato único. Precisou até da interferência do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o príncipe dos sociólogos, que foi pego na boca de botija pedindo recursos à Odebrecht para o seu partido, o PSDB, em 2010. A mídia comercial, onde FHC tem amplo espaço, lhe dá um tratamento diferenciado, com o nítido objetivo de evitar que seja criminalizado.

É bem diferente do tratamento concedido a políticos de outra condição ideológica, por exemplo, acusados por delações premiadas do Partido dos Trabalhadores (PT). É visível essa diferença, tanto assim que o noticiário em questão sobre FHC vai pouco a pouco minguando. Já os demais acusados de outra tendência...

Em compensação, a mídia comercial praticamente silencia sobre as denúncias de Tacla Duran ao reverenciado pela mídia comercial juiz Sérgio Moro. Duran, via teleconferência por viver na Espanha, acabou de repetir o que tem dito há tempos sobre a planilha da Odebrecht e as delações premiadas, mas nada foi divulgado de um modo geral pelos jornalões e espaços eletrônicos.

Por essas e outras, cada vez mais é preciso estar atento para o que possa vir a acontecer no Brasil. Os tanques não estão nas ruas, mas as Forças Armadas cada vez mais ganham espaço no moribundo governo de Michel Temer, que, vale sempre repetir, na prática, chegou ao fim. Como a cada dia que passa os agentes do mercado demonstram pavor de perderem a boca conquistada com o atual governo, a situação poderá se agravar e levar até a suspensão da escolha pelos eleitores do próximo a conquistar, pelo voto e não por um golpe, a Presidência da República.

O Congresso de alguma forma já deu a dica, ou seja, aprovou uma eleição indireta caso o ocupante do governo saia alguns meses antes da eleição. Daí a fazerem pior, não será propriamente nenhuma surpresa.

Brasileiros e brasileiras que não aceitam o atual estado de coisas em que o mercado sempre dá a última palavra, na voz agora de Eduardo Guardia, claro, em detrimento das amplas parcelas do povo, precisam, mais do que nunca estarem atentos e se mobilizarem para evitar o que na verdade seria o aprofundamento do golpe de 2016.

Ou o povo se mobiliza ou então pouco restará do país chamado Brasil, que vem sendo sucateado pela patota de Michel Temer. O momento é decisivo.

Edição: Jaqueline Deister