Os trabalhadores da Eletrobras iniciaram uma greve de 72h nesta segunda-feira (11), data em que a empresa completa 56 anos de fundação. As principais pautas da paralisação são a oposição da categoria ao processo de privatização iniciado pelo governo Michel Temer (MDB) e a exigência de que o atual presidente da estatal, Wilson Pinto, saia do cargo.
Nailor Gato, vice-presidente da Federação Nacional dos Urbanitários (FNU) e integrante do Coletivo Nacional dos Eletricitários, rebate o argumento do governo federal de que as distribuidoras não são lucrativas, e afirma que a qualidade dos serviços prestados ao consumidor final caíra em caso de privatização, enquanto o preço subiria.
“As empresas, principalmente onde estão colocadas --quatro na Amazônia e duas no nordeste--, têm que atender o interesse público. Não fosse o sistema Eletrobras, não teria, em pleno século 21, acesso à energia na Amazônia. Nós entendemos que o interesse público está acima de qualquer proposta de lucratividade. Quem vai ser penalizado é a população”, diz.
Atualmente, o Planalto pauta uma série de mecanismos para que o processo de venda de ativos da Eletrobras avance, a começar pelas distribuidoras que atuam na região Norte e Nordeste do país. A greve, segundo a FNU, não afetará o fornecimento de energia.
Gato defende que a atuação e os investimentos da Eletrobras nestas regiões garantiriam o “desenvolvimento” econômico e a “implementação de políticas sociais” que ampliaram o acesso à energia. O sindicalista afirma que o preço médio de um quilowatt/hora produzido pela Eletrobras custa sete centavos. Já os da iniciativa privada custariam 87 centavos.
Gilberto Cervinski, da direção nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), entidade que integra a Frente Brasil Popular, diz que a eficiência da Eletrobras, contestada pelo governo, deveria ser medida pelos custos de produção, que são menores que da iniciativa privada. Ele estima quanto o preço final ao consumidor aumentará em caso de privatização.
“Essas hidrelétricas vendem a tarifa mais baixa do Brasil. É a energia de menor custo de produção do país. Se privatizar, vai rever os contratos de comercialização de energia. Vai aumentar quatro vezes mais. O que está em disputa, no fundo, é quem se apropria destas extraordinárias unidades de produção, que são as melhores do Brasil”, aponta.
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) considerou a greve dos eletricitários legal. Em liminar, o ministro Mauricio Godinho Delgado admitiu como legítima as bandeiras de preservação da empresa e dos postos de trabalho atuais, estipulando, entretanto, que 75% dos trabalhadores permaneçam em atividade, por se tratar de serviço essencial.
Edição: Diego Sartorato