Eleições

Apoiado por ex-presidente Uribe, direitista Duque é eleito presidente da Colômbia

Iván Duque baseou sua campanha em críticas ao acordo de paz entre o governo e o antigo grupo guerrilheiro FARC

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Representante do uribismo nesta eleição, Iván Duque se elegeu como o novo presidente colombiano
Representante do uribismo nesta eleição, Iván Duque se elegeu como o novo presidente colombiano - Flickr

O candidato do Partido Centro Democrático, Iván Duque, foi eleito presidente da Colômbia neste domingo (17). Apoiado pelo ex-presidente Álvaro Uribe, Duque somou 53,95% dos votos, contra 41,83% de seu opositor, o ex-prefeito de Bogotá, Gustavo Petro.

Candidato do “uribismo”, Duque baseou sua campanha em severas críticas ao acordo de paz entre o governo colombiano e o antigo grupo guerrilheiro FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), assinado em 2016. O novo presidente promete mudanças no pacto e se apresenta como porta-voz de uma fração da sociedade que estaria insatisfeita com o acordo.

Com 41 anos, o mais novo entre os candidatos, o direitista Iván Duque havia vencido o primeiro turno com 39,14% dos votos. Com passado profissional ligado ao mercado financeiro, trabalhou nos Estados Unidos como consultor do Banco de Desenvolvimento da América Latina e do Banco Interamericano de Desenvolvimento.

Na política, o candidato do Centro Democrático teve trajetória curta. Foi eleito senador em 2014, mas deixou o cargo no ano passado para concorrer à presidência. Duque também foi assessor no Ministério da Fazenda e assessor do ex-presidente Álvaro Uribe.

Segundo a Registraduría, órgão eleitoral oficial da Colômbia, o pleito teve uma participação de 52,86% no segundo turno destas eleições presidenciais.

Paz

Em comunicado divulgado na noite deste domingo (17), o partido FARC (Força Alternativa Revolucionária do Comum) se colocou à disposição para se reunir com o presidente eleito Iván Duque a fim de discutir o acordo de paz. O grupo vê o acordo de paz firmado em 2016 em risco, já que Duque afirmou que revisaria o pacto.

“É necessário que se imponha a sensatez; o que o país demanda é uma paz integral, que nos conduza à esperada reconciliação, baseada no bem-estar social, na verdade, na justiça e na reparação integral às vítimas do conflito e a garantia de não repetição. Burlar este propósito não pode ser plano de governo”, afirmou a ex-guerrilha, em comunicado lido pelo líder Rodrigo Londoño, o “Timochenko”.

“A totalidade das forças políticas, econômicas e sociais que respaldam o programa de governo do candidato Iván Duque não podem cometer enganos, frente à responsabilidade que pesa sobre seus ombros neste momento histórico. Interpretar o resultado, como uma patente para desconhecer o caminhado em matéria de paz, e burlar os compromissos adquiridos pelo Estado, frente à sociedade colombiana e à comunidade internacional, conseguirá somente levar a nação a um novo ciclo de múltiplas violências, algo que as gerações presentes e futuras jamais perdoariam”, diz o texto.

A FARC pede unidade dos grupos que foram derrotados na eleição. “Nunca, como agora, se faz mais urgente a unidade de todos os setores que cremos na possibilidade de um futuro distinto ao caminho pelo qual se conduziu a nação desde a declaração de nossa independência. O resultado eleitoral da Colômbia Humana [coligação de Gustavo Petro] mostra que sim, é possível.”

Edição: Opera Mundi