Copa 2018

Palco do segundo jogo do Brasil, São Petersburgo é símbolo de resistência ao nazismo

Cidade ficou cercada por 872 dias durante a Segunda Guerra Mundial, entre 1941 e 1944

Brasil de Fato | São Petersburgo (Rússia) |
Fome e frio eram adversários tão difíceis quanto as tropas alemãs
Fome e frio eram adversários tão difíceis quanto as tropas alemãs - Arquivo - São Petersburgo

O segundo jogo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2018, na próxima sexta-feira (22), será disputado em São Petersburgo, contra o time da Costa Rica. A cidade, chamada de Leningrado até 1991, tem 4,9 milhões de habitantes e fica a 600 km da capital Moscou. O Brasil estreou no último domingo com um empate amargo diante da Suíça, por 1 a 1, e precisa vencer as duas partidas que restam para garantir a classificação. 

Se os integrantes da delegação verde-amarela precisam de exemplos ou inspiração para dar a volta por cima, basta olhar a história da cidade que recebe o confronto com a seleção da Costa Rica. Quem estudou o cerco a Leningrado pensaria duas vezes antes de dizer que o técnico Tite "sofre pressão" no comando da equipe brasileira. Muito menos, ousaria afirmar que Neymar enfrentou uma "marcação cerrada" na estreia contra a Suíça. O cenário desfavorável na tabela de classificação do Grupo E parece bobagem se comparado ao teste de resistência a que foram submetidos os habitantes da segunda maior cidade russa entre setembro de 1941 e janeiro de 1944.

Durante 872 dias, as tropas militares da Alemanha Nazista, com apoio da Itália e da Finlândia, mantiveram a  população cercada, com fome e frio. Quase dois milhões foram mortos naquele período, entre civis e membros do exército vermelho. Para os nazistas, destruir Leningrado significava acabar com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) e vencer a Segunda Guerra Mundial. Afinal, a cidade era um dos símbolos da Revolução de Outubro de 1917 e concentrava 10% da produção industrial soviética.

Disciplina

Barricadas de madeira, trincheiras de terra e areia, barreiras humanas. Os habitantes de Leningrado colocaram a mão na massa e conseguiram evitar o avanço alemão em todo o perímetro da cidade. Os materiais e a força de trabalho eram quase rudimentares, diante dos bombardeios e dos tanques de guerra nazistas – que chegaram a provocaram 178 incêndios em um único dia.

Como não havia fornecimento de energia elétrica, o comitê executivo regional autorizou que os civis cortassem árvores para produzir carvão vegetal para tentar reabrir as fábricas.

Milho, trigo, ovos, carne, gordura e açúcar. Com o passar dos meses, a oferta de comida no interior do cerco diminuiu, e milhares de pessoas passavam o dia com 500 gramas de pão. Muitos só não morreram de desnutrição porque mergulhadores soviéticos ajudaram a recuperar várias barcas com milho, que haviam afundado após bombardeios alemães.

A salvação veio de fora para dentro. Depois de derrotar as tropas nazistas em Moscou e Stalingrado, o exército soviético mobilizou um milhão de homens para a região de Leningrado, e contribuiu para virar o jogo em janeiro de 1944.

Memória

São Petersburgo está repleta de museus e monumentos que exaltam a memória daqueles dias de resistência. Um dos maiores motivos de orgulho do povo russo, até hoje, é a vitória sobre o nazismo, que fatalmente teria prosperado em várias regiões do planeta não fosse a dedicação e a disciplina dos trabalhadores soviéticos.

A Seleção Brasileira retoma nesta terça-feira (19) a programação de treinos em Sochi, ao Sul da Rússia. Depois de enfrentar a Costa Rica, no dia 22, a equipe do técnico Tite encerra sua participação na fase de grupos contra a Sérvia, na capital Moscou.

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Edição: Juca Guimarães