Faltando apenas dez dias para as eleições presidenciais mexicanas, as pesquisas de intenção de voto mostram que aumentou a diferença entre o candidato progressista Andrés Manuel López Obrador, do partido Movimento Regeneração Nacional (Morena), e seu principal concorrente, Ricardo Anaya, do Partido de Ação Nacional (PAN), partido de centro-direita. Em terceiro aparece o candidato José Antonio Meade, do Partido Revolucionário Institucional (PRI), do atual presidente Enrique Peña Nieto.
Uma pesquisa divulgada esta semana pelo jornal El Universal mostra que López Obrador é o favorito absoluto entre os eleitores mexicanos com 50% das intenções dos votos. Em fevereiro deste ano, ele aparecia nas pesquisas com 38%. Já o candidato da direita mexicana, Anaya, conta com 28% das intenções de votos. Em fevereiro estava com 29%. Meade também caiu nas pesquisas, passando de 23% para 20%.
Além disso, uma pesquisa qualitativa do Grupo Impacto mostra ainda que o eleitor de López Obrador não votaria em outros candidatos. A empresa foi às ruas e perguntou: “Se Andrés Manuel López Obrador não tivesse a possibilidade de ganhar a eleição, qual seria sua segunda opção?”. A maioria, 53% da população, disse que não votaria em ninguém, cerca de 21% votaria em Ricardo Anaya, 16% em Jaime Rodríguez (candidato independente) e 10% em José Antonio Meade.
Oligarquia dividida
A rivalidade entre os dois partidos da oligarquia, o PRI e o PAN, as duas maiores forças políticas do país, contribuiu para a redução de sua influência eleitoral. O PRI, por exemplo, chegou a governar o país por 70 anos seguidos, entre 1929 e 2000 – e, depois, novamente em 2012. Já o PAN governou o país entre 2000 e 2012, conformando uma alternância de poder de quase 90 anos. O Morena, partido recém-criado por Obrador, tem apenas três anos de existência,
Em 2006, a aliança entre o PRI e o PAN foi fundamental para derrotar López Obrador, na época candidato pelo Partido da Revolução Democrática (PRD). Mas o cenário político que permitia acordos entre setores hegemônicos da direita parece ter ficado no passado. O mal-estar entre os dois partidos chegou a tal ponto que uma das bandeira de campanha de Anaya é a promessa de investigação do atual presidente da República por suspeita de corrupção. A declaração foi feita em rede nacional, durante o horário eleitoral, e repetida dezenas de vezes na TV mexicana. “Proponho investigar o presidente Enrique Peña Nieto e, se for culpado, como qualquer pessoa, ele irá para a prisão”, disse Anaya.
O baixo índice nas pesquisas também mostra o desgaste e o descrédito popular nesses dois partidos. Apesar de contar com maior apoio do grande capital nacional e internacional, não conseguiram converter o poder midiático e econômico que possuem em votos. López Obrador assegura que os grandes grupos da mídia, a exemplo de campanhas anteriores, continuam com a “guerra suja” contra sua candidatura. “A diferença é que as pessoas já não acreditam nas mentiras”, disse recentemente Obrador.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira