Os líderes dos países do grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se encontrarão no próximo mês no país africano em meio a tensões geradas pela ameaça de uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Para o pesquisador do Grupo de Estudos sobre o BRICS da Universidade de São Paulo, Diego Amorim Xavier, o BRICS pode ser compreendido, no geral, mais como um espaço político das novas discussões globais do que propriamente como um grupo econômico.
"Sua força vem especialmente da criação de caminhos alternativos às propostas globais tradicionais. Os grandes desafios do BRICS residem nas questões culturais", disse Diego à Xinhua um mês antes da abertura da 10ª Cúpula do BRICS, que acontecerá entre os dias 25 e 27 de julho no Centro de Convenções de Johanesburgo, na África do Sul.
Diante dessa ameaça de aprofundamento dos desequílibrios globais, em particular da distribuição injusta de renda e do desenvolvimento, iniciativas como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) do BRICS se destacam.
Para Diego, que também é doutorando na área de pesquisa China-Brasil pela Universidade de Estadual de Campinas, o NDB pode ser considerado um dos passos mais concretos dessa aproximação.
"Esse é o efeito mais palpável dos países do BRICS. Entretanto, também devemos reforçar a criação de vários organismos e espaços de discussão em áreas como ciência e tecnologia. No âmbito acadêmico, a criação da Universidade em Rede do BRICS e a instalação do centro de estudos do BRICS em várias universidades reforçam esse interesse de aproximação e interação", explica.
O especialista brasileiro recorda ainda que a China vem passando por um processo econômico muito intenso desde a reforma e abertura em 1978 e que os recursos gerados nesse caminho são frutos desse longo esforço chinês.
Neste ano a China celebra o 40º aniversário da sua reforma e abertura, ao mesmo tempo em que se dedica à construção de uma economia global mais aberta e justa.
A China permanece sendo um país em desenvolvimento e tem se comprometido, conjuntamente com os outros países do BRICS, a salvaguardar a estabilidade global e o desenvolvimento comum.
"Os desequilíbrios globais de desenvolvimento, em particular a distribuição injusta de renda e o espaço de desenvolvimento desequilibrado, são as questões mais urgentes colocadas à comunidade internacional e constituem as principais causas de convulsões sociais em alguns países", disse o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, no início de junho, durante a Reunião Formal dos Ministros das Relações Exteriores do BRICS.
O chanceler chinês afirmou ainda que neste século o mundo está experimentando mudanças sem precedentes e que, sob as atuais circunstâncias, os países do BRICS devem demonstrar uma visão estratégica ainda mais ampla, realizar maiores esforços coletivos e assumir a responsabilidade que o grupo dos países em desenvolvimento tem de gerar mais bem-estar para os seus povos e para a humanidade.
Para Diego Amorim, a relação entre o Brasil e a China é uma das mais importantes dentro do grupo BRICS, mas o grande desafio ainda é o da compreensão mútua, "sem estereótipos e conceitos pré-estabelecidos", concluiu.
Fonte: Xinhua
Edição: Portal Vermelho