A criatividade em mesclar ritmos e sons com batidas eletrônicas transformaram o estilo musical mais consumido em Belém
O Brega faz parte da memória afetiva de muitos brasileiros. As músicas com letras inspiradas em temas do universo amoroso como separações, brigas, solidão, declarações apaixonadas, encontros e traições são alguns dos vários motivos que embalaram casais em rodopios pelos salões ou foram companhias de copo em mesa de bar para apaixonados em desilusões amorosas.
O fato é que a música brega nunca saiu de moda. A cantora Bárbara Eugênia em seu álbum "É O Que Temos" de 2013, revisita o brega dos anos 70 e regravou um dos clássicos, "Porque brigamos" na voz da musicista Diana.
A palavra brega surgiu para desclassificar o ritmo popular musical ouvido em bares de beira da estrada, garimpos e bordeis. O fato é que as músicas ditas cafonas alcançaram popularidade em diversos estados do Brasil através de nomes como Reginaldo Rossi, Amado Batista e Odair José.
No Pará, o brega ganhou contornos peculiares em sua sonoridade. A proximidade geográfica com países caribenhos influenciou os acordes entre os cantores regionais paraenses. Cúmbia, merengue, salsa, zouk, bolero eram tocados nas rádio de ondas tropicais em meados dos anos 1950. A lambada e a guitarrada se consolidaram dessa fusão de gêneros musicais.
Com esse arcabouço e pegando carona no romantismo da jovem guarda o brega paraense apresenta identidade própria. Nos anos 60 e 70 músicos como Alípio Martins, Frankito Lopes e Teddy Max são alguns dos cantores que marcam os bailes da saudade.
Outro gênero musical que influenciou a musicalidade do brega paraense é o Calipso, originário da ilha de Trinidad e Tobago, localizadas do mar caribenho da América Central, as letras eram carregadas de críticas ao colonialismo da época.
No Pará, o brega pop ou brega Calypso trouxe novos ritmos nas músicas de cantores como Wanderley Andrade, Banda Sayonara e a Banca Calypso de Joelma e Chimbinha.
Outra característica do brega paraense é a forma como os artistas divulgavam suas músicas. Marginalizados pelas grandes gravadoras era através das festas de aparelhagem, enormes estruturas de sons montadas, controladas por um DJ e que ainda hoje são frequentes nas festas da periferia urbana de Belém e interior do estado, que os músicos promoviam suas letras.
Na década de 1990, a crise da indústria do disco e o avanço tecnológico transformaram o mercado de música do brega. Artistas locais passaram a gravar seus CDs em estúdios independentes e distribuíam em camelôs e radialistas. Nesse o universo digital nascia um outro segmento do brega paraense, o tecnobrega. A música "Xirley", de Gaby Amarantos, mostram essa mudanças na cadeia do mercado fonográfico do brega paraense.
O remixe de músicas com batidas eletrônicas, teclado e samples, que é feito por um instrumento eletrônico que permite gravar, alterar e reproduzir sons, trançam o caldeirão musical do tecnobrega, que depois ganha um ritmo mais frenético com o tecnomelody ou eletromelody.
Edição: Júlia Rohden