Unidade

Fórum de São Paulo defende liberdade de Lula

24ª reunião anual da organização ocorreu em Havana, Cuba, entre os dias 15 e 17 de julho

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
24ª reunião anual do Fórum de São Paulo foi realizada entre os dias 15 e 17 de julho em Havana, Cuba
24ª reunião anual do Fórum de São Paulo foi realizada entre os dias 15 e 17 de julho em Havana, Cuba - Facebook Dilma Rousseff

Terminou nesta terça-feira (17), na capital cubana, Havana, a 24ª reunião anual do Fórum de São Paulo, que reuniu partidos políticos de esquerda de mais de 20 países da América Latina e o Caribe entre os dias 15 e 17 de julho. Na declaração final, a organização destaca a ‘ofensiva reacionária, conservadora e restauradora neoliberal’ no continente e rechaça os golpes de estado ocorridos na região, a começar pelo de Honduras em 2009, passando pelo Paraguai em 2012 e o Brasil em 2016. O documento repudia “a condenação sem provas e a prisão de Lula para impedir sua candidatura à presidência da República”. 

“Exigimos a liberdade imediata de Lula, depois de uma condenação e prisão sem provas e o direito a ser candidato presidencial nas eleições de outubro no Brasil, respeitando a vontade da maioria do povo brasileiro. Lula Livre! Lula Inocente! Lula Presidente!”, diz o texto. 

O Fórum defende ainda que a América Latina e o Caribe sejam declaradas ‘zona de paz’ e condena as iniciativas de desestabilização no continente, como o descumprimento dos acordos de paz entre o governo colombiano e a guerrilha das Farc, os recentes protestos violentos na Nicarágua e a ‘guerra não-convencional’ contra a Revolução Bolivariana na Venezuela. 

“Respaldamos o pedido das forças políticas e sociais da Colômbia para que o governo colombiano cumpra com a implementação dos Acordos de Havana (…). Rechaçamos de forma enérgica a política intervencionista dos Estados Unidos nos assuntos internos da Nicarágua Sandinista (…) Denunciamos, desta vez com razões adicionais, o papel intervencionista da OEA [Organização dos Estados Americanos], que segue sendo utilizada pelo governo dos Estados Unidos como seu Ministério de Colônias. (…) Condenamos a guerra não convencional e de amplo espectro, aplicada pelo imperialismo ianque e seus aliados europeus, latino-americanos e caribenhos contra a Revolução Bolivariana”. 

O texto exige ainda a ‘eliminação de todas as 77 bases militares estadunidenses que existem na região”.

Resquícios de colonialismo

A declaração final do Fórum de São Paulo condena as diversas formas de opressão colonialista ainda vigentes no continente latino-americano, como a ocupação ilegal pelos Estados Unidos do território cubano de Guantánamo, a usurpação da soberania das Ilhas Malvinas pelo Reino Unido e a manutenção do território de Porto Rico como colônia estadunidense. 

“Demandamos a descolonização total do Caribe e apoiamos de maneira particular a independência de Porto Rico. Demandamos o levantamento incondicional, total e definitivo do bloqueio econômico, financeiro e comercial do governo dos Estados Unidos contra Cuba, e a indenização ao povo cubano pelos danos e prejuízos causados por mais de meio século de agressões de todo tipo. Exigimos a devolução ao povo de Cuba do território ocupado pela ilegal base naval estadunidense em Guantánamo. Apoiamos a demanda história da Argentina sobre a soberania das Ilhas Malvinas, Georgias do Sul e Sandwich do Sul”, diz o texto. 

O Fórum de São Paulo repudia ainda a política de imigração do governo de Donald Trump, nos Estados Unidos e convoca a fortalecer a Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos) no sentido de concretizar a unidade e a integração regional.

Lideranças presentes

Além do primeiro-secretário do Partido Comunista Cubano, o ex-presidente Raúl Castro, e do atual presidente da ilha, Miguel Díaz-Canel, participaram da reunião os presidentes da Bolívia, Evo Morales, de El Salvador, Salvador Sánchez Cerén, da Venezuela, Nicolás Maduro e a ex-presidenta do Brasil, Dilma Rousseff. 

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) fez um discurso inflamado na abertura do evento e denunciou o golpe político no Brasil, que levou o país a uma profunda crise econômica. “Eles acabaram com todos os programas sociais, fizeram uma reforma trabalhista com um viés neoliberal, seguindo um modelo que foi derrotado na eleição. Essa segunda etapa do golpe é isso, implantar um modelo neoliberal que foi rejeitado”.

Já o atual presidente, Miguel Díaz-Canel, tomou a palavra para defender a liberdade do ex-presidente Lula e lembrou que ele, ao lado de Fidel Castro, foi um dos criadores do Fórum de São Paulo, na mesma linha do venezuelano, Nicolás Maduro. 

O 24ª Fórum de São Paulo conseguiu revitalizar a ideia original de Fidel e Lula. Com a diversidade como fortaleza, devemos continuar a construção de um espaço de luta e união revolucionária para enfrentar o imperialismo e conquistar a felicidade para nossos povos”, disse o líder bolivariano.

Edição: Juca Guimarães