A cantora popularizou ritmos latinos e completaria 83 anos no início de julho
Não é exagero dizer que Mercedes Sosa, com sua sensibilidade e posição política, seja uma das principais representantes da música latino-americana pelo mundo: a voz dos que não tinham voz.
Nascida em 9 de julho de 1935, a cantora popularizou ritmos latinos e foi considerada a maior intérprete do folclore argentino. Interpretou canções de nomes como Violeta Parra, Charly Garcia, Milton Nascimento, entre outros. Seu primeiro álbum foi lançado em 1959 e, até 2009, quando faleceu em Buenos Aires, lançou mais de 30 discos. Entre os clássicos estão as músicas “Solo le pido a Dios” e “Gracias a la vida”.
A argentina se destacou desde cedo por sua voz potente e sua postura à esquerda, com canções repletas de mensagens sociais e interpretações inesquecíveis.
O músico Kleiton, da dupla gaúcha Kleiton e Kledir, conta que a generosidade e a humanidade eram duas marcas de Mercedes Sosa. Ele lembra da época em que estudou em Paris, e a cantora não hesitou em ajudá-lo durante uma fase financeiramente difícil. "Um belo dia eu estava andando pelos metrôs de Paris e havia cartazes espalhados pela cidade inteira do espetáculo da Mercedes, da grande turnê europeia que ela estava fazendo aquele ano. Eu fiquei muito feliz de saber que ela estava lá e fui procurá-la. Encontrei ela e pedi se poderia participar do espetáculo dela, porque eu estava tentando fazer uma carreira solo, estava muito difícil. Ela olhou pra mim quando terminei de expressar meu convite, e ela falou o seguinte 'Oh, mi querido, qué bien que vas a cantar conmigo', ou seja, eu chorei, fiquei muito emocionado. Porque ela não só foi muito gentil, mas carinhosa, uma pessoa muito humana", relata Kleiton.
As canções de Mercedes Sosa são parte da vida de muitos latinos americanos que se veem representados em sua voz. O músico Vitor Ramil era apenas um jovem de 17 anos que, como tantos outros, era fã da cantora. A situação mudou quando Mercedes Sosa decidiu gravar "Semeadura", composta por Vitor, que na voz da argentina ganhou o nome "Siembra".
Vitor conta um pouco sobre a personalidade da grande voz das Américas. "Era uma pessoa extremamente musical, muito agregadora. O dia em que cheguei na casa dela tinha vários músicos e ficamos tocando. Ela gostava muito disso. Era uma pessoa que tinha essa força pessoal. Acho que ela era extremamente profissional. Tem muitas interpretes que tem pessoas que escolhem repertórios pra ela, que dizem o que vão cantar, a Mercedes não era desse perfil. A Mercedes era muito determinada com relação ao que ela cantava. Ela tinha muito tino também com relação ao que ela significava e iria cantar"
Durante a ditadura militar na Argentina, Mercedes Sosa foi presa enquanto fazia um show na cidade de La Plata. Depois, foi para o exílio, onde ficou até 1983.
Ela morreu em 2009, mas sua voz segue ecoando por todos os cantos da América Latina.
Edição: Júlia Rohden