Como parte do primeiro Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha, que ocorre em Brasília, 1.200 crianças realizaram um passeio lúdico cultural pela Esplanada dos Ministérios na manhã desta quarta-feira (25). Uma das paradas no trajeto foi o Ministério da Educação, onde entregaram um manifesto que denuncia a situação das escolas no campo.
No manifesto, fruto de um processo de elaboração coletiva que durou dois anos e que foi aprovado no início do Encontro, as crianças sem terrinha abordam as dificuldades que enfrentam em ter seu direito à educação assegurado.
“Lutamos por nossos direitos, que não são cumpridos: nossas estradas são ruins e esburacadas; o transporte escolar quase sempre quebra e entra muita poeira; muitas escolas estão sendo fechadas e outras são longe de nossas casas; falta material e temos poucos livros pra ler. As escolas do campo precisam ter melhores condições. A alimentação das escolas precisa melhorar, ter mais produção da reforma agrária e da agricultura camponesa familiar”, diz um trecho do texto.
Márcia Ramos, integrante da Coordenação Nacional do MST e uma das adultas que auxilia as crianças na organização do Encontro, afirma que a mobilização das crianças é ainda mais simbólica no atual contexto político brasileiro.
“O manifesto representa o que as crianças vivenciam nos acampamentos e assentamentos de Reforma Agrária no Brasil. Principalmente, neste momento de golpe, é preciso mostrar que todas as pessoas têm direito de se expressar, inclusive as crianças. Essa também é uma forma de contrapor o conservadorismo extremado e projetos que apontam para o retrocesso, como a Escola Sem Partido, o fechamento das escolas no campo e as investidas do agronegócio”, diz.
O passeio dos sem terrinha se encerrou na Praça dos Três Poderes, ao lado do Supremo Tribunal Federal, onde realizaram uma ciranda e soltaram uma faixa com balões onde se lia “Reforma Agrária”.
Edição: Diego Sartorato