Se o comício não tiver bêbado nem maluco, demonstra que você não tem prestígio
Vêm aí as eleições e fico pensando se haverá comícios. De uns tempos para cá, muitos políticos acham que basta a campanha pela televisão. Agora tem as tais de mídias sociais para convencer o eleitorado com notícias falsas divulgadas com muita eficiência.
E os políticos poderão escapar de um tipinho incômodo para eles: o bêbado de comício.
O bêbado de comício fala alto durante os discursos, faz piada sobre as falas dos candidatos, desmente informações que eles dão, duvida da honestidade deles e das promessas que eles fazem.
Ulysses Guimarães dizia que o mais chato dos chatos era o bêbado de comício.
Mas, em Minas dizem: “Se o seu comício não tiver bêbado nem maluco, demonstra que você não tem prestígio”. Existe lá até um ditado sobre isso: “Não tem campanha sem comício, nem comício sem bêbado”
Miguel Arrais era um político que media a popularidade dos candidatos pela presença de bêbados e malucos em comícios. Em 1994, Rodrigo Rollemberg, candidato a deputado pelo PSB no Distrito Federal, ouviu de Miguel Arraes uma sentença:
– Pra ganhar, meu filho, tem que ter bêbado e maluco no comício.
Teve bêbado e maluco, e ele ganhou, foi um dos deputados mais votados.
Na primeira eleição a que o PT concorreu, Sandra Starling era a candidata a governadora de Minas, e contam que, num comício no norte do estado, quem estava completamente bêbado era o apresentador.
Na hora de apresentar a candidata, ele se empolgou andando pelo palanque e falando no microfone e acabou caindo de uma altura de mais de dois metros.
Ficou um silêncio danado, mas ele ficou de pé, levantou o braço com o microfone na mão para entregar a Sandra Starling e falou:
– A governadora pode falar daí de cima mesmo.
E há comícios em que o próprio candidato é que está bêbado.
Adhemar de Barros, político dos mais tradicionais de São Paulo, foi fazer um comício em Aparecida, cidade da santa padroeira do Brasil, e havia uma multidão esperando a sua chegada.
Dizem que ele chegou completamente bêbado.
Abriram a porta do carro para ele, mas, ao sair, Adhemar se desequilibrou e caiu de cara no chão.
Ficou aquela expectativa, todo mundo olhando... Deitado de bruços no chão, ele levantou só a cabeça e falou bem alto:
– Beijo esta terra santa...
Edição: Michele Carvalho