A Convenção Nacional do PCdoB confirmou a indicação da Manuela D’Ávila, atualmente deputada estadual pelo Rio Grande do Sul, para a disputa da eleição presidencial. Após a decisão unânime dos delegados presentes em Brasília nesta quarta-feira (1º), a candidata discursou e reiterou a posição de que deve-se construir a maior unidade possível entre as forças progressistas para as eleições de outubro.
D’Ávila ressaltou que sua candidatura se dá em tempos de “incerteza” no mundo, e como resposta ao governo de Michel Temer (MDB), que categorizou como “comitê gestor dos interesses das grandes potências” com o objetivo de “organizar a rapina” e, consequentemente, marcado pela “traição ao Brasil e ao povo”.
“Desde a década de 30 do século passado o autoritarismo e a violência não se manifestavam com tanta intensidade e gravidade. O vento que sopra no mundo de hoje é o do estado de exceção permanente, da pós-Constituição, da pós-democracia, da morte da política. O capitalismo é cada vez menos compatível com a democracia”, apontou.
A candidata pelo PCdoB não só defendeu um referendo revogatório para a Reforma Trabalhista e a Emenda Constitucional que congelou os investimentos públicos no país, como também afirmou ser necessário "um projeto nacional de desenvolvimento” pauta da industrialização do país com valorização do trabalho e que incluiria medidas como a tributação de grandes fortunas e de lucros e dividendos e a desoneração tributária dos mais pobres.
“A nossa candidatura é a reafirmação da crença de que as eleições e o processo político são o momento de construção de saídas para a grave crise que o nosso país enfrenta. Não é admissível abrir mão do futuro de nosso país”, defendeu.
Em sua fala, D’Ávila também criticou a prisão de Lula -- “maior líder popular de nossa história” -- afirmando que "a democracia está encarcerada naquela cela em Curitiba”. Nessa linha, reafirmou a necessidade da maior unidade possível entre as correntes democráticas, citando Carlos Drummond de Andrade.
“Eu sou candidata, camaradas, porque nós acreditamos na necessidade de, durante os próximos 60 dias, não baixarmos a bandeira da defesa de liberdade de Lula. Preso injustamente. Eu sou candidata, porque para nós do PCdoB a unidade da esquerda deve ser defendida até o último dia em que seja possível. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas”, disse.
A aprovação em convenção nacional é um pré-requisito formal da legislação que possibilita o registro de candidatura. Os delegados e delegadas presentes determinaram que caberá à Comissão Política Nacional do PCdoB a discussão e a definição da candidatura à Vice-Presidência, bem como à possibilidade de coligações eleitorais.
Edição: Diego Sartorato