O papa Francisco recebeu, nesta quinta-feira (2), em sua residência no Vaticano, o ex-chanceler brasileiro Celso Amorim para uma conversa sobre a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, detido há 116 dias na Superintendência da Polícia Federal de Curitiba.
De acordo com Amorim, que ocupou o cargo de Ministro das Relações Exteriores durante os dois governos de Lula (2003-2010), o pontífice demonstrou preocupação com o caso do ex-presidente durante a conversa de uma hora, que contou também com a presença do argentino Alberto Fernández, que foi chefe de gabinete dos ex-presidentes Nestor e Cristina Kirchner.
"Ele ouviu com muito interesse, perguntou muito, disse inclusive que continuaria a se interessar pela situação. O tema era a prisão de Lula, a democracia do Brasil, fatores internos e externos que levaram a esta atitude. Ele ouviu com muita atenção esse processo, desde o combate a desigualdade, até, do ponto de vista externo, a luta pela soberania e solidariedade sul-americana", afirmou.
De acordo com o ex-chanceler, o simbolismo da conversa com o Papa, que havia sido marcada há pouco tempo, é grande.
"A iniciativa veio de um amigo argentino que também é amigo do Papa, e ele prontamente concordou, sabendo quem eu sou. Eu acho que o mais significativo é o fato de o papa, uma pessoa muito ocupada, ter dedicado uma hora de seu tempo para ouvir, principalmente, um ex-chanceler do Brasil, sobre a situação do presidente Lula, e ter manifestado interesse. Acho que o papa não recebe as pessoas inutilmente, ele sabe que tudo isso tem um simbolismo", ponderou.
Amorim destacou também que o pontífice se referiu de maneira positiva à ex-presidenta Dilma Rousseff, utilizando a expressão "mulher honesta" para descrevê-la. O diplomata afirmou também que o pontífice assentiu e riu quando foi comentada a polêmica causada pelo terço entregue ao ex-presidente Lula no prédio da Polícia Federal de Curitiba, em junho. O terço foi entregue pelo argentino Juan Grabois, ex-consultor do Pontifício Conselho Justiça e Paz, e atribuído ao Papa Francisco por parte da mídia.
Ao final do encontro, o papa assinou um exemplar em italiano do livro "A verdade vencerá", escrito por Lula, e deixou a seguinte mensagem ao ex-presidente: "A Luiz Inácio Lula da Silva, com a minha benção, pedindo-lhe para orar por mim, Francisco".
Edição: Diego Sartorato