Militantes vão marchar até Brasília para o registro coletivo da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A Marcha Nacional Lula Livre é organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com apoio das entidades que compõem a Frente Brasil Popular.
A manifestação itinerante foi anunciada nesta sexta-feira (3) em um evento no Armazém do Campo, loja agroecológica do MST no centro de São Paulo (SP).
Os sem-terra vão caminhar 50 quilômetros em cinco dias. Eles saem de três cidades — Formosa (GO), Luziânia (GO) e Engenho das Lages (DF) — no dia 10 de agosto em direção à capital federal. Lá, no dia 15 de agosto, último dia para o registro das candidaturas que vão disputar as eleições presidenciais em 2018, os camponeses se reúnem com outras organizações e partidos de esquerda em um ato em frente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Durante o ato de abertura da marcha, o integrante da coordenação nacional do MST Márcio Santos explicou que os militantes vão passar pelas principais rodovias de acesso à Brasília.
"Neste momento, a nossa marcha tem um caráter bastante definido que é pela democracia, contra a prisão arbitrária do ex-presidente Lula e pelo direito de ele ser candidato para disputar as eleições", afirmou o dirigente.
Este tipo de mobilização, dentro do MST, não é novo. O movimento marchou em 1997, 1999 e 2005.
"Já fizemos várias marchas na história do MST contra as privatizações do governo FHC; pela reforma agrária, denunciando o massacre de Eldorado de Carajás; e já fizemos marchas também no governo Lula, reivindicando reforma agrária e mais direitos para os trabalhadores do campo brasileiro", pontuou Santos.
O militante do movimento negro Douglas Belchior, candidato a deputado federal pelo PSOL, demonstrou apoio à marcha e ressaltou a importância dos protestos em torno da liberdade do ex-presidente.
"É um crime a manutenção da prisão do Lula. É um crime de classe. É a burguesia nacional se articulando para impedir Lula de disputar a eleição e botar freio nesse projeto de destruição do estado nacional e dos direitos dos trabalhadores e do povo brasileiro", disse.
O deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) afirmou que a marcha será mais uma das ações que pretende esclarecer que Lula é, sem alternativas, o candidato do PT à Presidência da República.
"É a vontade do povo brasileiro. Não dá para o povo brasileiro aguentar os retrocessos que vêm sendo implementados com o governo Temer, depois do golpe [de 2016]. São vários retrocessos do ponto de vista das conquistas dos direitos do povo brasileiro ao longo dos últimos 30 e 40 anos, como é exemplo a reforma trabalhista", afirmou o petista.
Tatto também lembrou e se solidarizou com a greve de fome de seis militantes. Eles protestam pela liberdade de Lula desde o dia 31 de julho.
Já a médica sanitarista Telma Neri, do Fórum Paulista de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos, pontuou a marcha como importante estratégia de denúncia da sociedade civil e dos movimentos organizados.
"Estamos aqui hoje para lembrar e chamar a todos para a Marcha Lula Livre. A saúde pública está desmontada. Brasil é campeão em uso de agrotóxicos. Somente o retorno de uma política de saúde pública efetiva vai conseguir barrar isso. Para tanto, precisamos estar juntos", disse.
Cada uma das três marchas que vão caminhar em direção à Brasília por cinco dias deve reunir, segundo o MST, cerca de 2 mil pessoas.
Edição: Diego Sartorato