Em sua Convenção Nacional, realizada no começo da tarde deste sábado (4), o Partido dos Trabalhadores (PT) oficializou a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva às eleições presidenciais de 2018. Centenas de delegados presentes confirmaram e aclamaram a candidatura do ex-presidente.
O partido também oficializou a candidatura ao governo em 12 estados brasileiros, mas adiou a esperada decisão de quem será o vice-presidente de Lula.
O anúncio da candidatura à presidência foi realizado pela presidenta do partido, a senadora Gleisi Hoffmann. “Essa é a ação mais confrontadora que fazemos contra esse sistema podre por parte da Justiça, que não faz outra coisa senão perseguir Lula”, destacou a parlamentar.
Gleisi reiterou que o partido pretende registrar a candidatura de Lula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 15 de agosto, prazo limite para os registros nas eleições deste ano, e que isso se dará por meio de uma grande mobilização popular. Nessa sexta-feira (3), a senadora visitou o ex-presidente na sede da Polícia Federal em Curitiba, onde ele está preso desde o dia 7 de abril deste ano, condenado a 12 anos e um mês de prisão em segunda instância.
Em entrevista coletiva, ela afirmou que o partido pretende anunciar seu candidato a vice-presidente apenas no dia 14 de agosto, e que os presidenciáveis Manuela D’Avila (PCdoB) e Ciro Gomes (PDT) estão entre as opções cogitadas. Gleisi afirmou ainda que o PT não havia sido formalmente comunicado sobre o prazo para divulgação das chapas, estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para esta segunda-feira (6).
A assessoria de imprensa do partido informou que os delegados continuarão em reunião fechada ao longo da tarde, e que entre as pautas que serão discutidas está justamente a definição da chapa presidencial.
Discursos
A Convenção do PT reuniu diversas lideranças do partido e de movimentos populares, como a ex-presidenta Dilma Rousseff, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, a presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Mariana Dias, o dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Paulo Rodrigues, o ex-chanceler Celso Amorim, o governador do Piauí, Wellington Dias, o senador Lindbergh Farias e a deputada federal Benedita da Silva.
Em seu discurso, Fernando Haddad, que também se reuniu com Lula nesta semana, destacou a certeza de que Lula será eleito. O petista presidiu a comissão que elaborou o plano de governo de Lula, lançado nessa sexta-feira (3).
“Eu sou daqueles que têm a convicção de que estamos rumo ao pentacampeonato petista. O povo sabe quem Lula é, e não é de hoje. Eles imaginavam que iam acabar com o PT e com Lula, mas não entendem que enquanto houver desigualdade social, haverá o PT. Se querem acabar com a gente tem que acabar com essa extrema desigualdade social, com a violência, com o genocídio do povo negro”, afirmou. Haddad criticou também a aliança do candidato à presidência do PSDB, Geraldo Alckmin, no fenômeno que vem sido chamado de “centrão”. “Está confirmado que é um candidato que representa o desgoverno de Michel Temer”, completou.
Já João Paulo Rodrigues destacou o apoio do MST à candidatura de Lula e aos eixos de seu plano político que contemplam os trabalhadores camponeses e a população trabalhadora como um todo.
"Nosso movimento acredita nesse partido, nessa militância e no presidente Lula como a única forma de saírmos desta crise econômica, política e social. Mas estamos aqui também porque acreditamos que esse programa de governo do PT tem um conjunto de mudanças para melhorar a vida do povo brasileiro, como a reforma agrária, uma reforma política e, acima de tudo, um novo projeto para o país. Estamos aqui também porque não podemos permitir que o ex-presidente Lula continue encarcerado em Curitiba". O MST, junto à Frente Brasil Popular, realizará uma grande marcha pela liberdade de Lula, que acontecerá entre os dias 10 e 15 deste mês, em direção a Brasília, para participar do registro da candidatura de Lula.
A ex-presidenta Dilma Rousseff realizou a penúltima fala do evento, e foi ovacionada pelo público. Ela destacou que acredita que apenas Lula tem condições de realizar os principais projetos trazidos no Plano de Governo do PT: uma Constituinte e a revogação das reformas implantadas pelo governo Temer.
“Vamos enfrentar uma luta muito dura. Claro que há no Brasil duas ordens, uma que quer manter o retrocesso e garantir que o Estado de exceção continue. Esse Estado que encarcerou Lula inocente, sem nenhuma culpa que não sua popularidade e o reconhecimento que o povo tem pelas suas realizações. Mas, sobretudo, uma ordem que tem medo de tudo que podemos voltar a fazer nesse pais", disse.
O evento foi encerrado por meio da leitura de uma carta escrita pelo próprio Lula pelo ator Sérgio Mamberti, mestre de cerimônias da Convenção. No documento, Lula destacou a tristeza por não estar presente, pela primeira vez em 38 anos, em um encontro nacional do PT.
“Nesses 38 anos construímos a mais importante força política que esse país já conheceu. Porque nascemos da base e nunca nos afastamos do povo. Tiramos o país das trevas. Hoje nosso povo está sofrendo, a fome voltou, milhares de trabalhadres deixaram de procurar empregos, porque não há. Nossa democracia está ameaçada. Querem inventar uma democracia sem povo e, por isso, esse talvez seja um dos encontros mais importantes da história do nosso partido. De onde me encontro, estou sempre renovando minha fé de que um dia nosso reencontro virá, pela vontade do povo brasileiro”, escreveu o ex-presidente.
Edição: Vivian Fernandes