Coluna

Democracia que condena a prisão quem escreve não pode ser considerada como tal

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Dareen Tatour, de 36 anos,foi condenada pelo tribunal de Nazaré pelo “crime” de escrever um poema em defesa do seu povo
Dareen Tatour, de 36 anos,foi condenada pelo tribunal de Nazaré pelo “crime” de escrever um poema em defesa do seu povo - Foto: Reprodução Facebook
A designação de Israel como uma democracia é um conceito que não pode ser aceito

Israel é o país citado na mídia comercial de várias partes do mundo como exemplo de democracia e até mesmo como o único regime do gênero no Oriente Médio.Cabe então uma pergunta: será?

Pois bem, é necessário que se divulgue o que aconteceu com a poetisa palestina, Dareen Tatour, de 36 anos, condenada por um tribunal de Nazaré pelo “crime” de escrever um poema em defesa do seu povo e conclamando a resistência. Público alvo: mulheres e jovens que integram o seu povo, mas as autoridades israelenses, não quiseram levar isso em conta e a condenaram pelo poema a cinco meses de prisão.

Na verdade, a condenação é uma afronta ao mundo e aos que defendem em todas as regiões do planeta os direitos humanos. A legislação israelense, vejam só, considera que a palavra escrita “incita a prática do terror” e quem escreve deve enfrentar os rigores da lei, medida que é defendida pelos integrantes do governo chefiado por Benyamin Netanyahu e seus apoiadores, entre os quais, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que acabou de reconhecer Jerusalém como capital única de Israel, excluindo palestinos da parte Oriental, que estava reservada para a capital de um futuro Estado Palestino.

A poetisa palestina tinha sido presa em outubro de 2015, após a publicação do seu poema, ilustrado com imagens de enfrentamentos entre jovens palestinos e o exército israelense. Para ela, a arbitrariedade cometida pela justiça israelense não a surpreendeu, pois Tatour disse que já esperava a condenação e não a justiça, ou seja,a sua libertação.

Seria importante que a poesia de Dareen Tatour fosse traduzida em vários idiomas, para que mais gente conhecesse a sua obra e com detalhes de tudo que está acontecendo neste momento e como funciona a tal “democracia” em Israel. Uma democracia, vale enfatizar, que não abrange poetas e escritores palestinos e mesmo os que almejam criar um Estado a que têm direito o povo palestino.

Dareen Tatour recebeu o apoio de mais de 150 escritores de várias partes do mundo, entre os quais os estadunidenses Noam Chomsky e Alice Walker, além da canadense Naomi Klein. Vale destacar  também o apoio dos israelenses David Grossman, A. B. Yehoshua e Nir Baram. Os signatários disseram que “os palestinos devem ter seu próprio país livre, independente e soberano e também têm que ter privilégios como seres humanos. Eles desejaram aos palestinos uma vida normal e que não sejam humilhados”.  

Vale assinalar ainda que não de hoje as autoridades israelenses  ameaçam poetas que escrevam em favor da resistência do povo palestino, o que, por sinal, cometem uma afronta a liberdade de expressão. Por essas e outras, a designação de Israel como uma democracia é um conceito que não pode ser aceito passivamente, como fazem os grandes veículos da mídia comercial nos mais diversos quadrantes..

Edição: Jaqueline Deister