Aos 19 anos, a estudante Luyanne Figueira da Silva viu de perto as mudanças no Brasil após o golpe de 2016.
“Aumentou o desemprego. O meu pai perdeu o emprego e quase a minha mãe perdeu o dela também”, disse.
A estudante, que vive no assentamento Campo Alegre, em Nova Iguaçu (RJ), faz um curso de agroecologia em um universidade rural e sonha em se formar em direito. “Quero ser advogada para poder defender os movimentos populares. Vejo que tem muita injustiça no Brasil”, revelou.
O avô de Luyanne é de João Pessoa, na Paraíba, e migrou para o Rio de Janeiro em busca de uma vida melhor. Lá ele constituiu família e Luyanne nasceu no assentamento, que se destaca pela produção de aipim e quiabo, gerando renda para o sustento de 300 famílias.
Além da produção coletiva de alimentos, o assentamento também incentiva a formação política dos camponeses. “Eu sou uma pessoa de esquerda. As políticas públicas do governo Lula e também da Dilma garantiram que muitos jovens mais velhos que eu pudessem entrar na universidade”, relembrou.
Perto de completar 20 anos, a estudante está feliz em poder marchar até Brasília para defender o direito de Lula ser candidato novamente.
Marcha
Cerca de 5 mil camponeses de todas as regiões do Brasil participarão da Marcha Nacional Lula Livre, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pela Via Campesina (articulação mundial de movimentos camponeses). A mobilização ocorrerá entre os dias 10 e 15 de agosto. O ponto final da caminhada será a cidade de Brasília. Além de lutar contra a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em Curitiba há mais de 100 dias, os trabalhadores marcham para chamar a atenção da população para as graves crises econômica e política pelas quais o Brasil passa.
Ao todo, serão cerca de 50 quilômetros de caminhada, durante quatro dias. Os marchantes estarão divididos em três colunas: um grupo partirá da cidade de Formosa (GO), outros manifestantes sairão de Luziânia (GO) e um terceiro grupo de manifestantes seguirá a partir da cidade de Engenho das Lages (DF). Os marchantes chegarão, ao mesmo tempo, na capital federal. Cada coluna contará com cerca de 1.500 sem-terra. Estarão presentes integrantes do MST de todos os estados em que o movimento está organizado (23 ao todo).
No dia 10 de agosto acontecerá a concentração dos marchantes nos três pontos de partida e o ato de lançamento da mobilização que se junta ao Dia do Basta (Dia Nacional de Mobilizações e Paralisações das Centrais Sindicais). A caminhada começa, efetivamente, no dia 11 de agosto e as três colunas deverão chegar a Brasília no dia 14 de agosto.
No dia 15 de agosto ocorre, na capital brasileira, uma grande manifestação em apoio a Lula. Esse será o último dia para o registro das candidaturas e o dia no qual a inscrição do ex-presidente será protocolada para concorrer no pleito de outubro.
Ao longo do percurso, em cada cidade em que a marcha parar haverá uma programação com rodas de conversa, formações, teatro e intervenções de agitação e propaganda. A ideia é promover uma interação entre os trabalhadores que participam do ato e as populações locais, ampliando o debate sobre a democracia e os problemas pelos quais o país enfrenta.
Acompanhe a cobertura especial do Brasil de Fato.
Edição: Thalles Gomes