Trajetória

Marcha Lula Livre une cultura e política

Diversos grupos e coletivos compõem caminhada rumo a Brasília

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Coluna Tereza de Benguela, líder quilombola homenageada por oito estados, realizou ato cultural em Samambaia (DF)
Coluna Tereza de Benguela, líder quilombola homenageada por oito estados, realizou ato cultural em Samambaia (DF) - Leonardo Milano

Além de seu caráter político, a Marcha Nacional Lula Livre evidencia a importância da mística cultural para a classe trabalhadora. Os povos indígenas Canelas do Araguaia, que atualmente vivem no Mato Grosso, no município de Luciara, são a prova disso. Curumara, capitão da cultura na Aldeia Nova Pucanú, afirma que os rituais tradicionais são uma das trincheiras de toda a luta.

"A cultura é tudo para nós, é um resgate de algo que pode ser perdido. É uma forma de resistência a nossa cultura ser passada para todos", salienta o indígena de 51 anos, que destaca a Dança do Toré como resumo da simbologia de seu povo. A dança é composta por uma roda de pessoas munidas com instrumentos artesanais.

A comunidade faz parte dos oito estados que compõem a Coluna Tereza de Benguela, líder quilombola homenageada pelas regiões Amazônica e Centro-Oeste do Brasil.

No final do primeiro dia de marcha, os sem terra organizaram um ato político-cultural na Praça Quadradão, em Samambaia (DF), com a presença de artistas locais. O município é o primeiro destino dos marchantes que saíram de Engenho das Lages (DF).

Do alto de sua varanda em frente ao ato da Coluna Tereza de Benguela, Ronaldo Silva e sua família, residentes na cidade de Samambaia, acenavam sorridentes para a concentração. O motorista Silva, de 42 anos, achou a mobilização maravilhosa. “Eu apoio totalmente o movimento. Votarei no Lula com certeza. O Lula é Lula e acabou. Ele mudou minha vida, não tem outro. Minha família toda é Lula! Me dá uma bandeira?”, pediu o símbolo do MST, que pendurou em sua janela.

A juventude também marcou presença nas místicas e intervenções culturais do ato. Júlio César tem 24 anos e reside no Acampamento Padre José Tencat, no Mato Grosso. Ele ressalta que a cultura vinculada à política é uma forma de expressar a indignação e a resistência da classe trabalhadora rumo a um novo mundo.

"Para nós, do Movimento Sem Terra, a participação da juventude é essencial porque, hoje em dia, a gente observa que a juventude vem se aculturando com uma cultura que não é nossa, então a gente acaba não valorizando a cultura regional. A partir do MST, passamos a valorizar a cultura regional que sempre nos foi negada como classe trabalhadora", afirma.

A presença significativa de jovens na construção de um projeto popular para o país é resultado da inserção de todas as classes na sociedade permeada pelos governos Lula e Dilma, segundo Júlio César.

"A participação da juventude na Marcha Lula Livre e nesse clamor do povo brasileiro por Lula candidato e presidente é porquê reconhecemos todos os avanços dos governos Lula e Dilma. É uma forma que nós encontramos de participar ativamente desse processo e defender o companheiro Lula, como ele sempre nos defendeu como juventude e, principalmente, LGBTs", completa.

A Coluna Tereza de Benguela, Prestes e Ligas Camponesas seguem em marcha até Brasília (DF), com chegada no dia 15 de agosto. Cada coluna percorre mais de 50 quilômetros até a capital federal em defesa da democracia.

Edição: Rafael Tatemoto