Rafael de Souza Celestino, de 19 anos, se destaca entre os manifestantes que compõem a Marcha Lula Livre. No rosto jovem, além do olhar curioso, Rafael exibe pinturas em cor preta que são marcas de sua origem: ele é descendente dos povos indígenas Canela Apanyekrá.
O jovem integra a marcha na coluna nomeada Tereza de Benguela, que reúne delegações dos nove estados que compõem as regiões Centro Oeste e Norte. Nela, pode-se perceber grupos de diferentes origens, mas que se unem em reivindicações comuns: a luta pela terra e a liberdade de Lula.
"A nossa luta é uma só, estamos juntos na reivindicação do nosso espaço para plantar e morar. Além disso, o mínimo que poderíamos fazer por Lula é lutar por ele e lutar por sua candidatura. Se não fosse por ele, não teríamos conseguido nada do que conseguimos até hoje", afirma.
O jovem e sua família tiveram contato mais próximo com a história de seus ascendentes há cerca de 11 anos, ainda durante a gestão do ex-presidente Lula, quando alguns remanescentes dos povos Canela se organizaram para reivindicar que uma área no município de Luciara, no estado do Mato Grosso, fosse demarcada como território indígena.
"Já tivemos o reconhecimento, mas ainda não sabemos se vamos ficar nesse território. Temos que seguir reivindicando", explica, destacando que a área foi batizada por eles de Aldeia Nova Pukana.
Originários do estado do Maranhão, os povos Canela, como são conhecidos, se espalharam pelo Brasil após conflitos com latifundiários, muito antes de Rafael nascer. Alguns deles, se deslocaram até o estado do Mato Grosso, como é o caso dos avós de Rafael.
"Lutamos muito para resgatar nossa cultura e nos aldear novamente. Depois ficamos acampados, fomos expulsos, e conseguimos de novo nos reagrupar, mas a luta não acabou. Por isso, é importante também estarmos aqui em marcha por nossas reivindicações", completa.
Além de ser uma referência na sua aldeia, Rafael estuda Gestão em Segurança Pública e se tornou, há pouco mais de um ano, militante do Movimento do Pequenos Agricultores (MPA). Foi através do movimento que ele percebeu a importância de organizar parte de sua aldeia para marchar. Ao todo, são 20 representantes na marcha.
"Sempre fomos militantes, porque estamos sempre em luta contra o racismo, o latifúndio, contra a exploração", conclui.
Edição: Tayguara Ribeiro