Os sete militantes de movimentos populares que estão em greve de fome em Brasília (DF) receberam, na tarde desta segunda-feira (13), a visita do ativista argentino Adolfo Pérez Esquivel, ganhador do prêmio Nobel da Paz de 1980.
Na ocasião, Esquivel destacou o caráter político da prisão do ex-presidente Lula (PT), um dos pontos da pauta dos grevistas, e ressaltou a importância da pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) para que haja a libertação do petista.
Além disso, o ativista afirmou que a situação do Brasil exige uma análise pautada no atual contexto latino.
“Em toda a América Latina se está aplicando a mesma metodologia: judicializar os governos progressistas, que é montar campanhas publicitárias para desprestigiá-los e impedir que cheguem novamente ao poder”, completou, ao destacar a situação de Honduras, Paraguai e Equador e o avanço das grandes corporações estadunidenses sobre esses territórios.
Nesta terça-feira (14), Esquivel tem uma reunião agendada com a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. À imprensa, ele afirmou que pretende reforçar o coro pela libertação de Lula.
“Vamos falar de várias coisas. Primeiro, que da Justiça deve partir justiça, e não injustiça. Depois, assinalar que Lula é um preso político, e isso até mesmo as Nações Unidas já reconhecem”, destacou.
Em conversa com os grevistas, ele também se comprometeu a pressionar a ministra para que ela receba os sete militantes. No último dia 7, o grupo oficiou cada um dos 11 magistrados da Corte, pedindo uma audiência para tratar da pauta da greve, mas, até o momento, apenas o ministro Ricardo Lewandowski atendeu a solicitação.
Unidade latinoamericana
Durante a visita aos grevistas, Esquivel compartilhou a preocupação com as diferentes consequências do avanço neoliberal na América Latina.
“A recolonização continental está aumentando a pobreza, a fome. A fome é um crime. E estão privatizando as empresas, então, isso é a perda da soberania nacional. Estão recolonizando o continente”, disse.
Ele também ressaltou a importância da união dos países da América Latina para lutar contra os retrocessos.
“Partindo do consenso, daquilo que nos une. A diferença nós podemos ir trabalhando depois, mas primeiro a unidade. Primeiro, a unidade para nos salvar, pra deixarmos de ser dependentes, sairmos dos partidarismos políticos para pensar no povo”, afirmou.
A resistência também foi destaque no discurso do ativista, que celebrou a iniciativa da greve de fome e as outras ações dos segmentos populares no atual cenário nacional.
Ainda na manhã desta segunda-feira, Esquivel esteve na Marcha Nacional Lula Livre e acompanhou duas das três colunas de trabalhadores que integram o movimento.
“Por que lutamos? Há uma só palavra: Lutamos pela liberdade. Não nos convencemos de ser escravos. Queremos ser homens e mulheres livres, por isso estamos aqui. É fundamentalmente isso”, enfatizou.
A militante Sônia Mara, da coordenação nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), destacou a relevância do apoio do ativista como combustível para incentivar a luta internacional por direitos.
“Hoje o capital está se reorganizando em todo o mundo porque está em crise, então, a nós, ao povo trabalhador, também cabe esta tarefa de nos recolocarmos nessa conjuntura pra construir o projeto dos trabalhadores, pra sermos livres e felizes”.
Edição: Cecília Figueiredo