Nesta terça-feira (14), a Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), foi palco de mais uma manifestação em defesa da libertação do ex-presidente Lula (PT) e em apoio aos sete militantes de movimentos populares que estão em greve de fome há 15 dias.
Representantes de diferentes religiões se reuniram na frente do Supremo Tribunal Federal (STF) para engrossar o coro dos segmentos sociais que pressionam a Corte pelo julgamento da Ação Direta de Constitucionalidade (ADC) nº 54.
O processo trata da garantia da presunção de inocência após condenação em segunda instância e pode resultar na soltura de Lula, que não foi julgado em terceira instância.
Durante o protesto, o pastor presbiteriano Luís Sabanay ressaltou a importância do ecumenismo para o fortalecimento da luta popular por direitos.
“[Isso] mostra a diversidade do povo brasileiro numa luta comum. O povo brasileiro, o povo latino-americano é um povo de fé. É um povo que marcha por esperança”, disse.
A Irmã Maria de Fátima Kapp, da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), destacou a preocupação com a atual deterioração de direitos no país. Ela também defendeu o exercício da fé de forma engajada.
“A nossa missão primordial é a vida, e onde a vida está ameaçada nós, religiosos, temos que estar (0:43)”, reforçou.
Na ocasião, os religiosos se somaram aos militantes em greve de fome e sublinharam a importância da Marcha Nacional Lula Livre, realizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e pela Via Campesina.
“Nossa luta não tem a ver com qualquer idolatria ao companheiro Lula ou coisa parecida, mas compreendemos que ele é um canal pelo qual as forças populares têm condição de tomar as rédeas da História novamente em suas mãos”, pontuou o grevista Leonardo Rodrigues, do Levante Popular da Juventude.
A grevista Rafaela Alves, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), reforçou que o grupo segue firme no protesto, que é por tempo indeterminado. Ela também frisou que a greve tem diferentes objetivos, entre eles a defesa dos trabalhadores em todas as frentes.
“Há muita injustiça no nosso país, por todos os lados, por todos os cantos, com todos os sujeitos trabalhadores, que são índios, quilombolas, camponeses, jovens, desempregados, mulheres”, exemplificou.
Rede de apoio
O ato contou ainda com a presença de outros apoiadores, incluindo o ativista argentino Adolfo Esquivel, ganhador do Nobel da Paz de 1980, e João Pedro Stédile, da direção nacional do MST.
Parlamentares também compareceram para se somar ao grupo. Em entrevista ao Brasil de Fato, o líder da minoria na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), defendeu a mobilização conjunta como instrumento de pressão política.
“É um ato que tem toda uma mística política, fé, paixão, emoção, cultura, portanto, essa multiplicidade de ações e de gestos faz com que, em primeiro lugar, os grevistas se sintam fortalecidos, e é um esforço que nós fazemos pra ver se o Supremo escuta a voz das ruas”, completou.
Representantes de povos indígenas também participaram do ato.
Edição: Tayguara Ribeiro