Acampados do Dom Tomás Balduíno plantam pimentas e produzem molhos suaves e picantes sem adição de agrotóxicos
Com variedade de cores e intensidade de sabor, as pimentas dão um toque especial aos pratos. Na pequena produção de um casal de assentados do acampamento Dom Tomás Balduíno, localizado na zona rural de Formosa, em Goiás, elas vão desde as mais ardidas às mais suaves.
A acampada Sueli da Silva Martins apresenta a sua produção sem uso de agrotóxicos, onde nascem belas malaguetas, biquinhos, entre outras pimentas, utilizadas na produção de molhos suaves e picantes:
“Gosto de trabalhar com a malagueta porque além de ser melhor para saúde, o mercado é bom. Eu trabalho muito com pimenta vermelha porque o molho fica com a cor bonita, e como não utilizamos corante, usamos a pimenta”.
Ela conta que aprendeu a fazer os produtos com as mulheres do MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, da qual faz parte e fica feliz ao receber ligações de consumidores parabenizando a qualidade dos molhos. Sueli acredita que essa é uma forma de ter seu trabalho no campo reconhecido pelos moradores da cidade.
A melhor época para plantio é durante períodos chuvosos, já a colheita vai até o mês de junho. Os frutos são retirados das plantas e higienizados, depois eles são armazenados em garrafas pet’s. Em seguida são misturados a outros condimentos como cebola e sal para poder incorporar o sabor. Sueli conta com o apoio do marido, também acampado, Donizete Martins, que além das pimentas cuida de outras variedades no acampamento.
Por mês são produzidos de 6 a 8 litros de pimentas, que garantem uma renda familiar de cerca de 200 reais, uma quantia significativa para a família composta por Donizeth, a companheira e o filho.
Ele explica que gostaria de aumentar a produção, porém, ficam limitados por estarem em acampamento na área ainda enfrenta a impasses judiciais. “Por enquanto vamos zelar pelo que temos porque essa área não é nossa, quando a gente passar para as parcelas vamos fazer produção maior”.
Os molhos saem em direção à capital do Estado, Goiás, que fica a 280 km de distância, e de lá, percorrem outros caminhos para atender a consumidores em todo Brasil. Dona Vasty Martins é quem leva os produtos para serem entregues aos clientes. “São pessoas que conhecem nossos produtos, sabem que é natural. Um vai falando para o outro, porque sabem da procedência, que é puro mesmo. Eles pedem e eu trago (para Goiânia)”.
Muitas vezes, os produtos mal conseguem atender a demanda, devido à quantidade de pedidos ser maior do que os produtos em estoque. São consumidores como a Elizabeth Miranda e Silva, cliente há mais de um ano, que utilizam os condimentos por seu sabor picante agradável, mas também por outro fator muito importante: são livres de agrotóxicos. “Só de saber que não tem veneno para matar praga, tudo natural, é outra coisa”.
Uma simples refeição ganha um toque de intensidade no sabor ao utilizar as pimentas, mas, além de serem boas para o paladar, elas também são fontes de vitaminas e substâncias poderosas para o funcionamento do organismo.
Entre os benefícios conhecidos está seu efeito analgésico natural, devido a uma poderosa substância chamada de capsaicina, que é o princípio ativo da pimenta; ela também ajuda a manter sob controle as taxas de triglicerídeos e colesterol, auxiliando na saúde cardiovascular, além de ser um poderoso termogênico natural, a pimenta é capaz de acelerar o metabolismo do nosso organismo, favorecendo a queima de gordura e uma forte aliada no combate aos radicais livres, uma das propriedades mais interessantes da pimenta é sua capacidade de retardar o envelhecimento do nosso organismo.
Edição: Camila Salmazio