O Vaticano divulgou nesta segunda-feira (20/08) uma carta em que o papa Francisco reconhece que abusos sexuais cometidos por membros da Igreja Católica foram acobertados e que a instituição demorou a agir contra os casos de pedofilia.
“É essencial que nós, como igreja, sejamos capazes de reconhecer e condenar, com dor e vergonha, as atrocidades perpetradas pelas pessoas consagradas, clérigos e todos aqueles a quem confiamos a missão de zelar e cuidar dos mais vulneráveis”, afirma o documento intitulado “Carta ao Povo de Deus”.
Segundo o papa, embora a maior parte dos casos de abuso “pertençam ao passado”, a igreja falhou em reconhecer a dimensão e “a gravidade do dano” causado às vítimas. O documento diz também que a igreja não poupará esforços “para impedir abusos e seus comportamentos”.
“Olhando para o passado, nunca será suficiente o que se faça para pedir perdão e procurar reparar o dano causado. Olhando para o futuro, nunca será pouco tudo o que for feito para gerar uma cultura capaz de evitar que tais situações não só não aconteçam, mas que não encontrem espaços para serem ocultadas e perpetuadas”, afirma.
Esta é a primeira manifestação do papa desde a divulgação do relatório sobre abusos cometidos no estado da Pensilvânia, nos EUA. Segundo o relatório, mais de mil crianças foram abusadas por 301 padres em um período de 70 anos.
Ano de crise
Além do escândalo nos Estados Unidos, a igreja passou por outros dois casos envolvendo abusos sexuais cometidos pelo clero. Em maio, todo o episcopado do Chile renunciou após a divulgação de uma denúncia envolvendo acobertamento de crimes no interior da igreja. Já na Austrália, o arcebispo Philip Edward Wilson foi condenado a 12 meses de prisão por ter acobertado crimes da mesma natureza.
Ainda na Austrália, o cardeal George Pell, terceiro na hierarquia do Vaticano e prefeito licenciado da Secretaria de Economia, é réu por episódios de pedofilia ocorridos nas décadas de 1970 e 1990.
Edição: Opera Mundi