A Greve de Fome por Justiça no STF (Supremo Tribunal Federal) chega ao 23º dia de resistência com o alerta redobrado da equipe da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, que acompanha os sete grevistas.
Como reivindicação principal, os manifestantes em greve querem que os ministros do STF votem as Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs) que tratam da regularidade de ordenar a prisão de um acusado após condenação em segunda instância, estágio do processo em que ainda cabem recursos e a inocência do acusado ainda pode ser decretada. O tema afeta diretamente a situação do ex-presidente Lula (PT), que está na condição de preso político desde o dia 7 de abril e segue líder em todas as pesquisas de intenção de votos para o Palácio do Planalto.
Nesta quarta-feira, 23, os grevistas completam 23 dias sem se alimentar, ingerindo apenas soro e água. Alguns deles perderam 8 quilos e outros chegaram a reduzir 11 quilos.
De acordo com a médica especialista em Medicina de Família e Comunidade, Maria da Paz, neste momento intensificam mais ainda os sintomas que fazem parte do quadro da greve de fome prolongada.
“Os grevistas apresentam fortes dores musculares e quadro de hipoglicemia (alteração do nível de açúcar no sangue) e hipotensão (pressão arterial mais baixa do que o normal)”, esclareceu.
Estão em greve de fome Frei Sérgio Gorgen, Rafaela Alves, Vilmar Pacífico, Jaime Amorim, Zonália Santos, Luiz Gonzaga (Gegê) e Leonardo Soares.
Entre os grevistas, alguns apresentam maior fragilidade da saúde, explica Maria da Paz, pois o organismo de cada militante responde de forma diferente, apesar da condição sem alimento ser igualitária há 23 dias.
A greve denuncia, além da parcialidade no Supremo Tribunal Federal, a volta da fome e o abandono dos mais pobres, o aumento da violência que ataca, sobretudo, mulheres, jovens, negros e LGBTs, a situação da saúde pública, os desmontes das conquistas dos trabalhadores, entre outras pontos expostos em manifesto divulgado pelos grevistas no início do protesto.
Edição: Juca Guimarães