Estimadas irmãs e irmãos que estão em greve de fome,
Agradeço a sua coragem de ter tomado esta decisão radical em prol da democracia e da justiça em nosso país.
A sua bravura nos dá força e inspiração.
Vou repetir aqui o que escrevi para a Ministra Cármen Lúcia, Presidente do STF:
Excelentíssima Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha,
Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Escrevo na esperança de que Vossa Excelência acolha a voz desta parte da sociedade brasileira que componho.
Sou teóloga e pastora da Igreja Luterana, bacharel, mestra e doutoranda na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ.
No dia 14 de agosto, Vossa Excelência recebeu uma comissão de entidades, juristas, representantes de igrejas, o Premio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel, uma delegação da Espanha, e o Frei Sergio Gorgen, representante das pessoas que estão fazendo greve de fome por um país que retome a normalidade democrática, rompida com o Impeachment da Presidenta Dilma Rousseff, e continuada através da perseguição judiciária perpetrada contra o Presidente Luís Inácio Lula da Silva.
Na reunião do dia 14/08, a Ministra se comprometeu a consultar os seus colegas e ficou de analisar a possibilidade de colocar em votação, o mais breve possível, os recursos da ADC 43, 44 e 54, sob a relatoria do Ministro Marco Aurélio.
Venho solicitar que a Vossa Excelência cumpra o seu compromisso.
Há vidas esperando por esta sua decisão. Ela está em suas mãos.
A greve de fome é uma ação corajosa e desesperada ao mesmo tempo. Corajosa porque, com bravura, pessoas colocam a sua vida à disposição da construção de uma sociedade mais justa e igualitária; uma sociedade que não admita o retorno à miséria e à fome de milhões de cidadãos e cidadãs, como está ocorrendo no Brasil. Desesperada porque entendem que aqueles e aquelas que possuem o poder para mudar a realidade aviltadora que tem sido imposta à sociedade brasileira, possuem ouvidos embotados e agem a partir de pautas políticas específicas que visam garantir os interesses de uma classe econômica e social igualmente específica; classe à qual não pertence a maior parte da população brasileira.
Deste modo, em solidariedade com a vida dos grevistas, comprometida com a retomada do Estado Democrático de Direito que preserve o princípio constitucionalmente assegurado da presunção da inocência, venho apresentar-lhe este pedido.
Muito obrigada,
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Permaneço em oração por vocês.
Um grande abraço a tod@s.
* Pa. Lusmarina Campos Garcia é teóloga e pastora da Igreja Luterana, bacharel, mestra e doutoranda na Faculdade Nacional de Direito da UFRJ
Edição: Diego Sartorato