Leila Rocha, enfermeira do Coletivo de Oyá, responde no quadro "Fala aí"
A mutilação genital feminina é a remoção de órgãos sexuais externos femininos e ainda é comum em rituais de alguns países. Em 2015, o governo da Nigéria oficializou a proibição dos rituais. De acordo com dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de 25% das mulheres nigerianas, entre 15 e 49 anos, sofreram mutilação genital. Em 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu a prática como instrumento de violação dos direitos humanos.
Luiza Vilela, estudante de 20 anos, mandou sua pergunta ao Brasil de Fato para saber mais sobre o assunto. A enfermeira Leila Rocha responsável pela articulação do eixo Saúde do Coletivo de Oyá respondeu a questão. O coletivo é formado por um grupo de mulheres negras da periferia de São Paulo.
"Olá, meu nome é Luiza Vilela, eu tenho 20 anos e eu gostaria de saber o que é mutilação genital feminina e por que acontece em países africanos e em alguns países orientais".
"Olá Luiza, obrigada pela sua pergunta, meu nome é Leila, sou enfermeira e articulo o eixo de Saúde do Coletivo de Oyá. A mutilação genital feminina, que também é conhecida por circuncisão feminina, é a retirada dos órgãos sexuais externos da mulher – a retirada do clitóris, dos grandes lábios, a depender da região do mundo que a prática é realizada. Essa prática acontece em países africanos, na Indonésia, no Iémen, no Oriente Médio, e acontece ainda nos dias de hoje, embora ela seja considerada pela ONU uma violação dos direitos humanos. Existem várias consequências ruins para a saúde, como dificuldade em urinar, dificuldade em escoar o fluxo menstrual, dificuldade para engravidar e até hemorragias que podem levar a morte durante a prática desse ritual. Esse ritual também é sustentado no machismo, no patriarcado e na escravidão, visto que em muitas culturas a circuncisão feminina é justificada para que a mulher não traia o marido, para garantir a paternidade dos filhos, as escravas que eram mutiladas, elas tinham mais valor monetário. Então, Luiza, espero ter respondido a sua pergunta, obrigada".
Edição: Júlia Rohden