O voto, em quem contraria os interesses americanos, não tem sido respeitado
Se intensifica na mídia comercial a campanha contra os governos da Venezuela e da Nicarágua. Na fronteira do Brasil com a Venezuela o clima é de tensão depois que um comerciante brasileiro teria sido assaltado por venezuelanos. Essa versão que vem sendo noticiada provocou manifestações de caráter agressivo contra os que vieram para Roraima.
O episódio em si é realmente estranho e tudo começou depois de um encontro entre Temer e um representante do governo dos Estados Unidos, quando houve a promessa de que o Brasil seria compensado financeiramente para receber os venezuelanos. Mas não se sabe exatamente o que mais teria sido decidido. Depois dessa visita, o aeroporto de Manaus recebia aviões da Força Aérea estadunidense com armamentos, mas o fato foi ignorado pela mídia comercial que insiste em repetir sobre uma crise na Venezuela, sem revelar que o país vem sendo pressionado pelos Estados Unidos, que inclusive impõe sanções que agravam a situação.
O silêncio pode ser melhor entendido como uma forma de esconder o verdadeiro objetivo, qual seja, a de empresas norte-americanas voltarem a ter o controle das riquezas petrolíferas venezuelanas. Ainda resta um fato, também quase não divulgado pela mídia comercial, a viagem do Ministro Raul Jungmann para a Colômbia, país agora governado por um linha dura que segue as determinações do ex-presidente Álvaro Uribe. Vale lembrar que a Colômbia é o país em que venezuelanos mais estão indo. No caso da fronteira do Brasil com a Venezuela, vale assinalar ainda que para lá se deslocaram efetivos militares.
Não se pode descartar também a possibilidade de que esteja em curso um esquema montado para que a opinião pública se convença que a única forma que resta é uma intervenção militar, uma das opções do governo de Donald Trump, com o apoio do Brasil. Por isso, todo cuidado é pouco, porque com Temer, um subserviente de marca maior, nada pode ser descartado, inclusive o apoio a uma ação nefasta dessa natureza, mesmo que ele inicialmente se pronuncie de forma contrária, como, aliás, vem fazendo.
Quanto a Nicarágua, depois que o secretário geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, se posicionou contra o governo de Daniel Ortega, tudo pode acontecer. Não chega a ser nenhuma surpresa que Almagro se posiciona sempre como um "pau mandado" de Washington. Almagro exige o fim do mandato de Ortega, cujo período de governo vai ate 2022.
Enquanto isso se intensifica em toda a mídia comercial a campanha contra o governo nicaraguense, por sinal, eleito com mais de 71% dos votos. Mas como o voto, em quem contraria os interesses norte-americanos, não vem sendo respeitado, o que acontece com Nicolás Maduro e Daniel Ortega não chega a surpreender.
Edição: Jaqueline Deister